A que fontes recorre o docente para desenvolver seu trabalho diário?

Muito além do conteúdo específico, há outros elementos fundamentais para a prática docente.

E a falta destes podem levar a um choque entre a teoria aprendida na graduação e a sala de aula real.

O que pode levar o professor a frustrações e desistências.

Ou ainda ser fonte de desafio, reflexão e mudança.

O que caracteriza o momento dos descobrimentos, da experimentação.

A didática, e com ela as técnicas de comunicação aplicadas em sala de aula, têm como principal objetivo mediar com sucesso a construção desta conversa entre os atores do processo educativo da escola.

Quando um professor iniciante chega para lecionar, com as referências práticas de sua trajetória estudantil, e com o conteúdo teórico de sua aula preparado, há uma grande expectativa sua, de aceitação pelo alunado.

É a única das profissões que proporciona referências práticas para os futuros profissionais da educação, durante um longo período de vida.

Afinal, durante toda sua existência, observou os professores, em sala de aula, enquanto aluno.

E com isso, irem configurando lentamente a identidade docente.

Ao defrontar-se com a prática docente, o professor iniciante percebe muitas vezes que a realidade apresenta situações que fogem completamente daquilo que fora idealizado, enquanto atribuição objetiva.

Essas situações adversas estão em grande parte ligadas à falta de estratégia didática.

Falta de compreensão do seu papel enquanto mediador do processo de aprendizagem do aluno.

E para realizar este papel de mediador, ele tem que conhecer e saber utilizar as ferramentas de ligação entre a teoria estudada e a prática da sala de aula.

Junto ao alunado, que será sempre diferente, a cada turma e a cada dia.

Consequências práticas da didática na formação docente

docente

A formação do professor abrange dimensões teórico-científica, pedagógica e técnico-prático.

A formação teórico-científica inclui a formação acadêmica específica nas disciplinas em que o docente vai especializar-se.

Por exemplo, biologia.

A formação pedagógica envolve os conhecimentos da filosofia, sociologia, história da educação e da própria pedagogia.

E a formação técnico-pratica visa a preparação profissional específica para a docência.

Inclui a didática, as metodologias específicas das matérias, a psicologia da educação, etc.

Todos esses aspectos da formação devem ser articulados.

As disciplinas de formação técnico-prática não se reduzem ao mero domínio de técnicas e regras.

Implicam também os aspectos teóricos, ao mesmo tempo que fornecem à teoria os problemas e desafios da prática.

A formação profissional do professor implica, pois, uma contínua interpenetração entre teoria e prática.

A teoria vinculada aos problemas reais postos pela experiência prática e a ação prática orientada teoricamente.

Nesse contexto, a didática se caracteriza como mediação entre as bases teórico-científicas da educação escolar e a prática docente.

Ela opera como que uma ponte entre o “o quê” e o “como” do processo pedagógico escolar.

A teoria pedagógica orienta a ação educativa escolar mediante objetivos, conteúdos e tarefas da formação cultural e científica, tendo em vista exigências sociais concretas.

Por sua vez, a ação educativa somente pode realizar-se pela atividade prática do professor.

De modo que as situações didáticas concretas requerem o “como” da intervenção pedagógica.

Este papel de síntese entre a teoria pedagógica e a prática educativa real assegura a interpenetração e interdependência entre fins e meios da educação escolar.

E, nessas condições, a didática pode constituir-se em teoria do ensino.

O processo didático efetiva a mediação escolar de objetivos, conteúdos e métodos das matérias de ensino.

Em função disso, a didática descreve e explica os nexos, relações e ligações entre o ensino e a aprendizagem.

Também investiga os fatores co-determinantes desses processos.

A didática integra e articula conhecimentos teóricos e práticos obtidos nas disciplinas de formação acadêmica, formação pedagógica e formação técnico-prática, provendo o que é comum, básico e indispensável para o ensino de todas as demais disciplinas de conteúdo.

E o construtivismo com isso?

O construtivismo é importante na formação docente tanto na sua apropriação de conhecimentos quanto para saber usar e quando usar.

Faz parte da formação pedagógica e técnico-prática.

A formação do professor reflexivo, investigativo advém das teorias construtivistas.

Bem como um professor que se preocupa em formar um cidadão crítico, mais do que apenas transmitir conteúdos.

O construtivismo na formação docente possibilita um professor que dá prioridade às competências, concebe a aprendizagem como transformação da pessoa e que parte das necessidades, práticas e problemas encontrados.

Que se portam como “professores orientadores” quando a atividade assim o exige.

Mas não o tempo todo.

Para viabilizar o construtivismo na sala de aula é fundamental perceber que o professor pode ensinar discutindo a elaboração e apresentando pistas para o aluno chegar ao conhecimento e fornecendo outros que o sustentam.

Pode, também abordar (de forma expositiva ou não) perspectivas e procedimentos necessários à elaboração dos conhecimentos.

Essa formação permite também perceber que é inviável dar aulas construtivistas o tempo todo diante das condições reais do ensino.

Mas que ainda assim, é possível colocar em prática alguns elementos construtivistas nas aulas tradicionais.

Como por exemplo, considerar as ideias dos alunos para explicar, interagindo com elas; aproximar o conteúdo escolar dos conhecimentos cotidianos e experiências dos alunos e valorizar o questionamento como estratégia didática.