A análise do discurso (AD) é uma ciência que consiste em analisar a estrutura de um discurso.

E, a partir disto, compreender as construções ideológicas presentes no mesmo.

O discurso em si é a construção linguística junto ao contexto social onde o texto se desenvolve.

Ou seja, as ideologias presentes em um discurso são diretamente construídas e influenciadas pelo contexto político-social em que o seu autor está inserido.

Mas o que seria o discurso?

Toda situação em que há pessoas falando, conversando, debatendo, dialogando, expondo ideias.

Portanto, toda situação de expressão ou comunicação, seja oral ou por escrito.

Ou até mesmo por meio de formas não verbais de linguagem.

Em todas essas práticas de linguagem, há discurso.

Ou seja, efeito de sentido entre interlocutores.

Dessa forma, mais do que uma análise textual, a AD é uma análise contextual da estrutura discursiva em questão.

A AD não é uma disciplina autônoma.

É uma fusão de três ramos distintos do conhecimento científico: a Linguística, o Marxismo e a Psicanálise.

Análise de discurso é tudo igual?

Depende do seu referencial.

Há duas diferentes abordagens de AD: a anglo-saxã e a francesa.

A primeira tem uma perspectiva pragmática e a segunda diz respeito a uma perspectiva ideológica.

A AD anglo-saxã é marcada pela antropologia e a da França é marcada pela linguística e pela psicanálise.

Além disso, há tradições teóricas ligadas à AD:

  • linguística critica,
  • semiótica social ou crítica,
  • estudos de linguagem;
  • teoria do ato da fala,
  • etnometodologia e análise da conversação;
  • e o pós-estruturalismo.

Independente de qual seja seu referencial teórico, a AD é um método.

Cujo objetivo é não somente compreender uma mensagem, mas reconhecer qual é o seu sentido.

Ou seja, o seu valor e sua dependência com um determinado contexto.

Onde usamos a análise de discurso?

A enunciação pode ser reconstruída pelas “marcas” espalhadas no enunciado.

É no discurso que se percebem com mais clareza os valores sobre os quais se assenta o texto.

Analisar o discurso é, por isso, determinar as condições de produção do texto.

Podemos, por exemplo, analisar o uso das categorias de pessoa, espaço e tempo, que, no discurso, não são as mesmas da enunciação: quem diz “eu” no texto não é o autor, nem são seus o tempo e o espaço.

Importa verificar quais os procedimentos utilizados e quais os efeitos de sentido criados.

Portanto, utilizamos a análise do discurso para tentarmos entender e explicar como se constrói o sentido de um texto e como esse texto se articula com a história e a sociedade que o produziu.

O discurso é um objeto, ao mesmo tempo, linguístico e histórico.

Entendê-lo requer a análise desses dois elementos simultaneamente.

A AD pode constituir-se em um valioso instrumental de trabalho em sala de aula, por exemplo nas aulas de Língua Portuguesa.

Por meio da AD, o professor pode conduzir os alunos na descoberta das pistas que podem levá-los à interpretação dos sentidos, a descobrirem as marcas estruturais e ideológicas dos textos.

A compreensão do discurso pode enriquecer as atividades desenvolvidas na sala de aula.

Isso porque permite trabalhar com várias modalidades textuais como a jornalística, a política, as histórias em quadrinhos.

Além disso, a análise do discurso é metodologia para várias pesquisas da área da educação.

Pesquisas essas que objetivam compreender as relações entre o discurso, o contexto e a aprendizagem.

Bem como compreender como se constroem a linguagem e o discurso em sala de aula.

Para quem quiser saber mais, listamos aqui as principais referências de análise do discurso na área da educação:

A Arqueologia do Saber – Michel Foucault

Os gêneros do discurso – Mikhail Bakhtin

Análise de conteúdo – Laurence Bardin

Análise de Discurso. Princípios e Procedimentos – Eni Pulcinelli Orlandi

Semântica e Discurso: uma Crítica à Afirmação do óbvio – Michel Pêcheux

Linguagem e Discurso. Modos de Organização – Patrick Charaudeau