O que motiva os alunos nos estudos?

Os alunos podem se sentir motivados para uma determinada atividade porque estão verdadeiramente interessados, valorizam a atividade e daí retiram satisfação.

Ou porque estão a ser impelidos por algum tipo de motivo que não está diretamente relacionado com a tarefa.

Mas que conduz ao envolvimento na tarefa, porque se constituiu como um meio para atingir algum tipo de fim.

Com isso queremos dizer que há uma motivação intrínseca e uma motivação extrínseca.

A motivação intrínseca se refere à realização de uma tarefa pela satisfação relacionada com as características inerentes à própria tarefa.

A motivação intrínseca está associada a prazer em aprender, curiosidade, persistência e preferência por atividades desafiantes.

Em contraste, a motivação extrínseca se refere à realização de uma tarefa para obter algo exterior à própria tarefa.

Como por exemplo, obter boas notas, se sentir valorizado socialmente, ou obter uma recompensa material.

A motivação extrínseca é geralmente associada a desistência, dependência de reforços e evitamento de desafios.

A motivação intrínseca tem sido considerada como facilitadora da aprendizagem.

Isso porque conduz a maior atenção, esforço e a um processamento mais profundo.

Em contrapartida, a motivação extrínseca tem sido, em geral, associada a desistência fácil perante dificuldades e desmotivação na ausência de recompensas.

E por isso, relacionada com desresponsabilização e desinvestimento face à aprendizagem.

Assim, a motivação intrínseca inquestionavelmente suporta a aprendizagem baseada no interesse e na aprendizagem significativa.

O que maximiza a exploração, a persistência e a satisfação.

A motivação extrínseca pode ser útil e construtiva para a realização acadêmica, suportando atividades de aprendizagem menos interessantes e apelativas.

A Teoria da Autodeterminação (TAD) reúne um contributo interessante.

Uma vez que propõe um modelo conceitual de motivação que contempla diversos tipos de motivação extrínseca.

E em que alguns destes tipos de motivação extrínseca representam formas de regulação do comportamento que serão promotoras da aprendizagem e do desenvolvimento.

A TAD, influenciada pela clássica dicotomia motivacional (intrínseca versus extrínseca) e pelas necessidades humanas de competência, autonomia e relacionamento, propõe então uma abordagem à motivação mais diferenciada.

A TAD particulariza diferentes tipos de motivação, que supostamente os alunos evidenciam de forma específica conforme as situações.

No polo internamente controlado, autodeterminado e com nível de autonomia maior, está a motivação intrínseca.

Que envolve empenho, satisfação, interesse, gozo e identificação com o valor da atividade.

Esta é considerada a forma mais adaptativa de motivação.

Isso porque permite aprendizagens mais profundas e significativas.

No pólo oposto do contínuo de motivação está a desmotivação.

De acordo com a TAD, os alunos podem se considerar desmotivados quando percebem que não há relação entre o seu comportamento e os resultados.

Não estão presentes reforços nem intrínsecos nem extrínsecos.

Trata-­se de situações de percepção de incompetência, que podem por isso, ser semelhantes à noção de desânimo aprendido.

São situações muito problemáticas, uma vez que os alunos em desânimo aprendido, acabam por desistir.

Por deixar de se esforçar, de tentar, o que acarreta consequências desastrosas para o processo de aprendizagem.

Os quatro estilos motivacionais extrínsecos podem descrever-­se da seguinte forma:

1) Externo

Traduz-­se num comportamento externamente regulado, controlado pelos outros ou determinado por reforços.

E por isso nada se relaciona com a tarefa em si mesma.

É considerada uma forma menos adaptativa de motivação.

Uma vez que usualmente é ativada para evitar consequências negativas ou conseguir recompensas.

Como por exemplo, a realização de uma tarefa para evitar a repreensão do professor, ou para a obtenção de um presente dos pais.

No entanto, em muitas circunstâncias, e assumindo a progressão gradual e sequencial neste contínuo de motivação, para deslocar os alunos duma situação de desmotivação, será necessário ativar motivos externos de forma a promover o comportamento acadêmico do aluno.

Em contrapartida, à exceção destas situações, promover uma motivação extrínseca de regulação externa (e.g. oferecer um presente se o aluno transitar de ano), em situações em que aluno já evidencia uma noma será perverter a motivação do aluno.

2) Introjetado

Reflete o início de uma internalização de valor, que se concretiza em comportamentos cujo controlo é interno mas ainda não é autodeterminado.

Há um envolvimento voluntário nas tarefas acadêmicas mas com imposição de reforços ou punições pelo próprio aluno.

Por exemplo, um aluno estudar à noite, porque caso não o faça, sentirá culpa.

Mais uma vez, não sendo um tipo de motivação desejado, poderá ser necessário para suportar algumas atividades acadêmicas, e permitir a evolução motivacional do aluno.

3) Identificado

Nestas situações, o aluno procura atingir objetivos e assume uma direção.

Há valorização da tarefa, que é escolhida pelo indivíduo.

Mas trata-­se ainda de motivação extrínseca uma vez que a tarefa é realizada porque se constitui um meio para atingir um fim.

Por exemplo, um aluno fazer exercícios extra de matemática, não porque tenha satisfação em fazê-­los, mas porque acha importante melhorar os resultados a matemática.

Nestas situações, o aluno consegue se auto motivar, reconhecendo a relação entre o esforço e os resultados, entre os meios e os fins.

Não tendo ainda gozo e satisfação nas tarefas acadêmicas, não deixa de as cumprir.

4) Integrado

Trata-­se de um tipo de motivação extrínseca que revela auto determinação e auto regulação por parte do aluno.

É consistente com a sua vontade e objetivos.

O aluno com este estilo motivacional reconhece o valor da atividade em si mesma, e por isso, é o estilo de motivação extrínseca que mais se assemelha à motivação intrínseca.

Também nós, se refletirmos sobre as diversas tarefas que temos de cumprir na nossa vida profissional, seguramente que encontraremos várias tarefas que não realizamos com satisfação e gozo (motivação intrínseca).

Mas cuja realização é suportada por estes diferentes tipos de motivação extrínseca, de forma adaptativa, funcional, e positiva.

Da mesma forma, não podemos esperar que os alunos estejam sempre intrinsecamente motivados para todas as tarefas.

No entanto, é fundamental que, ainda assim, realizem todas as tarefas propostas, encontrando estratégias que suportam o comportamento.