Quando vamos fazer um plano de ensino, as vezes fica a dúvida: será que objetivos e habilidades são a mesma coisa?

E competência?

Será que posso substituir uma coisa pela outra?

Para entender isso, vamos primeiro entender o que significa cada uma dessas coisas.

O que é o objetivo

Os objetivos da disciplina representam o elemento central do plano de ensino e de onde derivam os demais elementos (Gil, 2015).

Deve ser redigido em forma de tópicos.

E devem ser escolhidos entre dois e cinco objetivos para se atingir a ementa.

Podem ser divididos em objetivo geral e específico.

Os objetivos gerais são aqueles mais amplos e complexos que poderão ser alcançados, por exemplo, ao final da disciplina.

Os objetivos específicos referem-se a aspectos mais simples, mais concretos, alcançáveis em menor tempo.

Como por exemplo, aqueles que surgem ao final de uma aula ou de uma unidade de trabalho.

Os objetivos englobam o que os alunos deverão conhecer, compreender, analisar e avaliar ao longo da disciplina.

Por isso devem ser construídos em forma de frases que iniciam com verbos indicando a ação.

Se indicam ações, então indicam habilidades?

Mas o que são competências e habilidades?

Não há uma única definição para competências e habilidades.

Para Perrenoud construir uma competência significa aprender a identificar e a encontrar os conhecimentos pertinentes.

Do ponto de vista prático, isso significa que é necessário que os alunos descubram os seus próprios caminhos.

Quanto mais “pronto” é o conhecimento que lhes chega, menos estarão desenvolvendo a própria capacidade de buscar esses conhecimentos, de “aprender a aprender”.

E onde as habilidades entram?

Em geral, as habilidades são consideradas como algo menos amplo do que as competências.

Assim, a competência estaria constituída por várias habilidades.

Entretanto, uma habilidade não “pertence” a determinada competência.

Uma vez que uma mesma habilidade pode contribuir para competências diferentes.

Competências e habilidades, portanto, “andam juntas”.

Não há alcance de competências sem habilidades e vice-versa.

Por exemplo: para ser um/a exímio/a artilheiro/a de futebol, há que se ter habilidades tais como: trabalho em grupo, disciplina, comportamento esportivo, noções espaciais, noções sobre o tempo da bola, condicionamento físico, técnicas de drible, passe, colocação em campo, técnica de chute.

Portanto, a competência de fazer gols implica na aquisição de múltiplas habilidades.

No entanto, cada uma das habilidades citadas pode se tornar uma nova competência e requerer novas habilidades.

objetivos

Então, objetivos não podem ser habilidades ou competências?

Objetivos, habilidades e competências andam junto, mas não são sinônimos.

Recorreremos a Zaballa para fundamentar nossa exposição.

Quando elaboramos um plano de ensino ou de aula tratamos de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais.

Os conteúdos conceituais dão conta de conceitos, princípios, leis, regras e normas concernentes a determinados objetos de estudo.

Tendo como traço definidor a singularidade, a objetividade e o caráter descritivo deste.

Os conteúdos de ordem procedimental tratram da aplicação do aprendizado, da transposição do conhecimento para resolução de situações.

Tendo, portanto, como traço definidor a praticidade, o fazer propriamente dito.

Os conteúdos de ordem atitudinal tratram das questões relacionadas aos valores e princípios morais e éticos disseminados por meio das aulas ou por meio dos conteúdos de ordem conceitual ou procedimental.

Portanto, se ocupam tanto aspectos do currículo explícito quanto os do currículo oculto.

Logo, quando elaboramos um plano de ensino visamos diferentes objetivos, que exigem diferentes habilidades para desenvolver diversas competências.

Dentre eles, objetivos de procedimento e objetivos de atitudes, os quais visamos desenvolver habilidades e competências.

Os objetivos de procedimento visam tudo aquilo que o aluno vai aprender a fazer desenvolvendo suas capacidades.

Sejam elas intelectuais, técnicas, afetivas, sociais políticas.

Ou seja, competências.

Por exemplo: pensar e relacionar informações, inferir e identificar características, avaliar, comparar fatos e teorias, trabalhar em equipe, etc

Os objetivos de atitudes são aqueles que visam comportamentos que indiquem valoração, importância e crença.

Ou seja, habilidades.

Por exemplo valorizar a busca de informações, a curiosidade científica, a integração de conhecimentos, a capacidade crítica, etc.

Objetivos, competências e habilidades são estreitamente relacionados, embora cada um esteja estruturado por componentes cognitivos (conhecimentos e crenças), afetivos (sentimentos e preferências) e de condutuas (ações e declarações de intenções).

Trabalhar nessa perspectiva significa contemplar os pilares da educação para a cidadania.

Saber (conteúdos de ordem conceitual), saber fazer (conteúdos de ordem procedimental) ser e conviver (conteúdos de ordem atitudinal).