Certamente você já viu em vários documentos oficiais sobre a importância de se utilizar o conhecimento prévio dos alunos.

Mas o que isso de fato significa?

Apenas deixar que o aluno fale é o suficiente?

O que você faz com o que o aluno fala sobre o tema da aula?

Se você não sabe, esse post é para você!

Antes de falarmos como aproveitar o conhecimento prévio dos alunos, vamos primeiro entender o que é isso.

O conhecimento prévio de maneira simples, é tudo que o aluno traz para a sala de aula, que não adquiriu na escola.

Ou seja, todo o conhecimento adquirido das relações que o aluno estabelece ao longo da vida.

De acordo com a influência familiar, religiosa, política, econômica, intelectual e cultural.

Grande parte do conhecimento prévio do aluno é também popularmente chamado de senso comum.

Ou seja, uma série de crenças admitidas no seio de uma determinada sociedade, que seus membros presumem ser partilhadas por todo ser racional (PERELMAN & OLBRECHTS, 2005).

Portanto, o meio em que o aluno vive exerce influência em seus conhecimentos prévios.

Mesmo que tenham alguma base científica, pois são conhecimentos que ele já detém ao chegar à escola.

Se resgatarmos Paulo Freire e Vigotski ambos concebem o processo de conhecimento como fenômeno cuja produção depende da relação de troca, de interação.

E que se efetiva e se caracteriza fundamentalmente pela mediação social.

Vigotski (1998) destaca ainda que o meio social tem peso importante no desenvolvimento do sujeito.

E Paulo Freire (1987) argumenta que a identidade cultural do aluno é constituída pelas vivências cotidianas.

E para ocorrer a aprendizagem significativa, é necessário que o aprendiz manifeste uma disposição de relacionar o novo material de maneira substantiva e não-arbitrária à sua estrutura cognitiva (Moreira & Masini, 2001).

Sendo assim, nós, professores temos papel importante em auxiliar os alunos a reverem seus conhecimentos prévios para que possam se apropriar de conhecimentos sistematizados de tal forma que façam sentido a eles, que sejam significativos.

Ou seja, é a nossa intervenção que faz com que o aluno reconheça que os conhecimentos prévios que traz não dão conta de ajudá-lo no enfrentamento de problemas e na compreensão consistente de fenômenos naturais e situações vivenciadas em seu cotidiano.

Mas como fazer isso em sala de aula?

Para isso, nós enquanto professores, utilizamos diversas estratégias.

Uma delas é a problematização.

E é para problematizá-lo que devemos apreender o conhecimento já construído pelo aluno.

Ou seja, para aguçar as contradições e localizar as limitações desse conhecimento, quando colocado ao lado do conhecimento científico.

Assim, podemos ensinar um distanciamento crítico do educando, ao se defrontar como conhecimento que ele já possui.

E, ao mesmo tempo, propiciar a alternativa de apreensão do conhecimento científico (DELIZOICOV; ANGOTTI; PERNAMBUCO, 2007).

Essa problematização exige, por parte do docente, tempo e planejamento.

Já que, deverá lançar um problema que contenha uma contradição, como um desafio.

Para que dessa forma, os alunos sintam a necessidade de buscar o conhecimento sistematizado para ajudá-los na resolução do que foi proposto.

A função do problema é desencadear uma sequência de Problematização Inicial, Organização do Conhecimento e Aplicação do Conhecimento.

É o chamado Três Momentos Pedagógicos, que já tratamos aqui.

Que vai de encontro com o conflito ou desequilíbrio cognitivo citado como fundamental para a aprendizagem por diversos autores.

Como por exemplo Piaget, Jerome Bruner, Vygotsky e Wallon.

No entanto, por razões diversas, inclusive por não estar preparado para agir de forma a considerar e problematizar as concepções alternativas do aluno, muitas vezes, acabamos não dando espaço para esse conhecimento prévio.

Ou muita vezes solicitamos ao aluno esse conhecimento prévio antes da apresentação do tema da aula e não retomamos isso.

É importante notar que nem todo o conhecimento prévio trazido pelo aluno vai encaixar em determinada aula.

Por isso é importante filtrar, guiar o aluno para que não fuja do tema proposto.

Mas também é fundamental retomar ao conhecimento exposto ao início para verificar se o aluno conseguiu fazer a ponte entre o conhecimento prévio e o conhecimento científico.

Essa é uma forma de tornar o aluno protagonista do processo de ensino aprendizagem, de possibilitar uma aprendizagem significativa.

E também de tornar a aula muito mais interessante para os alunos.

E você? o que acha da utilização do conhecimento prévio?