Você já ouviu falar em alfabetização científica?
E em Enculturação científica?
Talvez letramento científico?
Não?
Então é disso que vamos falar hoje.
Todos esses termos significam a mesma coisa?
Mais ou menos.
Essas diferentes expressões partilham de uma mesma intenção, mas tem pontos de partida diferentes.
Enculturação científica
A expressão “Enculturação Científica” parte do pressuposto de que o ensino pode e deve promover condições para que os alunos apropriem a cultura científica.
Da mesma forma que carregam a cultura religiosa, social e histórica.
Se apropriar da cultura científica significa compreender as ideias e conceitos científicos para que deste modo, sejam capazes de participar das discussões desta cultura, obtendo informações e fazendo-se comunicar.
Letramento científico
A expressão “Letramento Científico” apoia-se no significado do termo defendido por pesquisadores da Linguística.
O letramento refere-se ao “estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas cultiva e exerce práticas sociais que usam a escrita”.
O letramento científico também busca uma educação científica que propicie a educação tecnológica.
E que busca enfatizar a função social da educação científica contrapondo-se ao restrito significado de alfabetização escolar.
Alfabetização científica
Já a alfabetização científica se apoia na compreensão do conceito de alfabetização associada à capacidade de compreensão da ciência e da tecnologia.
Uma das ideias mais utilizadas é de Paulo Freire.
De que a alfabetização deve desenvolver em qualquer pessoa a capacidade de organizar seu pensamento de maneira lógica.
Além de auxiliar na construção de uma consciência mais crítica em relação ao mundo que a cerca.
A educação teria de ser, acima de tudo, uma tentativa constante de mudança de atitude.
E com isso a alfabetização não pode ser feita de cima para baixo, como uma doação ou uma imposição.
Mas de dentro para fora, pelo próprio analfabeto, apenas com a colaboração do educador.
Assim a alfabetização vai além do simples domínio psicológico e mecânico das técnicas de ler e escrever.
Implica em uma auto-formação que possa resultar uma postura interferente do homem sobre seu contexto.
Então a Alfabetização Científica pode ser entendida como conjunto de práticas sociais.
Que usam a escrita enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos para objetivos específicos.
Almeja a formação crítica dos estudantes para o domínio e uso dos conhecimentos científicos e seus desdobramentos nas diferentes esferas de sua vida.
A alfabetização científica possui três dimensões que se referem aos processos de incorporação de conhecimento científico em situações de sala de aula.
Alfabetização científica funcional
Que considera o vocabulário das ciências.
Ou seja, termos próprios e específicos das ciências usados por cientistas e técnicos.
Essa dimensão abrange a importância de os estudantes saberem ler e escrever textos em que o vocabulário científico está presente.
Alfabetização científica conceitual e procedimental
Considera relações existentes entre as informações, os experimentos e o estabelecimento de ideias conceituais.
Nesse sentido, espera-se que os estudantes possuam conhecimentos sobre os processos e ações que fazem das ciências um modo peculiar de se construir conhecimento sobre o mundo.
Alfabetização científica multidimensional
Se refere a necessidade de que os estudantes reconheçam e utilizem de maneira adequada o vocabulário das ciências.
E compreendam como a ciência constrói conhecimento sobre fenômenos naturais, para que, assim, percebam o papel das ciências e tecnologias em sua vida, entendendo e analisando racionalmente estas relações.
Essas dimensões podem ainda serem entendidas como:
Cada uma dessas dimensões possui indicadores tais como: raciocínio lógico, raciocínio proporcional, levantamento de hipóteses, teste de hipóteses, justificativa, previsão e explicação, importantes marcadores dos eixos da alfabetização científica em sala de aula.
Mas para que serve a Alfabetização científica?
De modo prático, a alfabetização científica visa dar ao estudante condições de entender o processo pelo qual os conhecimentos científicos são formulados e validados.
Para tal, é necessário desenvolver no aluno habilidades, verificadas por indicadores tais como: raciocínio lógico, raciocínio proporcional, levantamento de hipóteses, teste de hipóteses, justificativa, previsão, explicação e argumentação.
Essas habilidades têm maior chance de ocorrer em sala de aula ao dar aos alunos a oportunidade de acompanhar e interpretar as etapas de um problema.
O currículo que considera a alfabetização científica no seu planejamento, vislumbra as ciências sem esquecer das relações existentes entre seus conhecimentos, os adventos tecnológicos e seus efeitos para a sociedade e o meio ambiente.
Ou seja, prioriza não apenas a aprendizagem de conteúdo, mas estimula o raciocínio crítico a respeito do processo de produção do conhecimento.
E considera a resolução de problemas, o pensar científico, o uso das múltiplas linguagens e da argumentação como habilidade científica e como forma de ensinar.
Mas se eu não vou formar um cientista por que eu preciso aproximar o aluno da Ciência?
Aproximar a prática científica dos alunos é fundamental para que os mesmos compreendam como esse conhecimento é construído.
E como se transformam em referências para a sociedade, no sentido de compreender de que modo tais conhecimentos estão presentes na sua vida.
Colocar a alfabetização científica em prática ainda é um desafio, principalmente no que tange a formação docente que não alfabetiza cientificamente os futuros docentes.
E muitas vezes passa bem longe desse tipo de conversa.
Apesar disso, cada vez mais a alfabetização científica vem ganhando espaço nas discussões sobre ensino.
Quem se interessou pelo tema deixo aqui duas leituras inicias:
SASSERON, L. H.; CARVALHO, A. M. P. Alfabetização Científica: uma revisão bibliográfica.
ACHEI TUDO BEM EXPLICATIVO E CLARO, DE FÁCIL COMPREENSÃO. GOSTEI MUITO.
Gostei da didática e das teorias mais faltou a parte da pratica de laboratório com testes de experimentação! muito obrigado.
Material muito contribuitivo. gostei muiiito