O autoplágio se refere à prática de um autor utilizar suas escritas do mesmíssimo jeito em várias publicações, sem citá-las ou cotá-las formalmente.

Essa prática é relativamente comum e, muitas vezes, não-intencional.

Outros exemplos de autoplágio envolvem o uso de uma mesma revisão de literatura na introdução ou discussão de múltiplos manuscritos.

Ou ainda em projetos maiores que dividem o mesmo planejamento, o uso de dados ou contextualização teórica, os quais resultam em vários artigos.

Mas então não posso publicar minha monografia/dissertação/ tese?

autoplágio

Pode e deve!

O que não quer dizer que você deva fazer um ctrl c ctrl v.

Há várias formas de se dizer a mesma coisa para diferentes particularidades ao se redigir.

Além do mais, é quase sempre necessário ajustar ao público e ao formato da revista em que se pretende publicar.

Alguns casos de redundância podem ser considerados legítimos.

Por exemplo, quando os relatos possuem objetivos claramente distintos, reproduzem resultados para diferentes audiências ou reapresentam dados em artigos de revisão, desde que a publicação original seja devidamente citada.

Então não custa citar que é parte de um trabalho de pesquisa maior.

Nem se referenciar quando já foi publicado.

Quando ocorre o autoplágio

Uma definição simples de autoplágio é usar a própria pesquisa anterior e apresentá-la para publicação como algo novo e original.

Tem também a galera do “fatiamento de salame”, que pega uma mesma pesquisa e corta em vários pedaços para render várias publicações.

Ou ainda, usa trechos idênticos em várias publicações.

Nesses casos além de autoplágio há um problema adicional.

O de violação de direitos autorais, se no caso o periódico em que for publicado o artigo não for de acesso aberto e a editora tiver o copyright.

No entanto, mesmo nesse caso, a situação não é muito clara.

Porque o autor poderia confiar nos termos do “uso legítimo ou uso justo” (fair use).

Todos sabemos da pressão para termos publicações, mas não sejam dessa galera.

Você terá número de publicações, ok. Mas e a qualidade?

E o comprometimento com a ciência?

Mas quais as implicações jurídicas para o autoplágio?

Juridicamente autoplágio é um paradoxo.

Afinal, é possível plagiar a si mesmo?

Seria basicamente o mesmo que ir dar parte na delegacia que você pulou a janela e roubou sua própria TV.

Plágio, por outro lado, é a violação de direitos de autor e conexos prevista no Código Penal.

Convém esclarecer que a Constituição Federal atribuiu aos autores o direito exclusivo de utilização e reprodução de suas obras.

Portanto, é possível afirmar que, juridicamente, inexiste o autoplágio.

Não é ilegal, mas é antiético! E desonesto.

O autoplágio intencional ou consciente e a publicação salame é um grave desvio ético das práticas aceitáveis.

É uma má conduta e compromete a qualidade do que se produz.

No Brasil ainda não existe produção científica robusta a esse respeito.

No exterior, o assunto passou ser discutido mais frequentemente a partir da publicação do artigo intitulado “Self-plagiarism or Fair Use” (“Autoplágio ou Uso Justo”), em 1994.

Recomendo a leitura!