Qual é o papel dos pais na educação dos seus filhos?
Com as mudanças no modelo familiar, no mercado de trabalho e o aumento do custo de vida, muitos pais fazem dupla jornada de trabalho, e acabam por “terceirizar” a educação de seus filhos uma vez que não dispõe do tempo necessário para estabelecer uma boa relação com seu filho e educá-lo como gostaria.
E por isso também, muitas pessoas esperam que a escola “eduque” o filho naquilo que a família não pode ou não se julga capaz, e espera-se ainda que ele seja preparado por essa mesma escola para obter êxito profissional e financeiro.
Mas essa deve ser uma tarefa da família, afinal ela tem um âmbito privilegiado para o processo de educar os seus filhos, especialmente porque é o primeiro grupo responsável pela socialização deste novo ser.
Mas o principal desafio da educação atual parece ser o equilíbrio entre extremos: escolher entre a imposição de limites como mero exercício de poder dos pais ou sua total ausência ou permissividade.
E neste contexto, atribui-se muito frequentemente à escola a educação ética e moral dos filhos, algo que vai além do aprendizado escolar.
Os pais costumam cobrar dos professores certas correções que deveriam ser feitas em casa.
As instituições educacionais fazem parte da nova realidade, de uma forma diferente dos antigos internatos, pois, na atualidade, o aluno mora com os responsáveis e, muitas vezes, passa o dia na escola (BRITO, 2022).
A escola, em jornada ampliada, relaciona o ensino e a educação e, não raras vezes, tal situação pode levar a uma confusão de papéis.
A responsabilidade institucional de ensino é da escola e a responsabilidade de educar é da família.
A família deve ser a primeira educadora dos filhos, pois é nela que os filhos aprendem a cultivar os valores essenciais como o afeto, o respeito, autoestima, responsabilidade e solidariedade (SILVA, et al., 2018).
Cabe aos pais a educação dos filhos, mas quando a escola e a família andam juntas neste propósito, tudo se torna mais fácil (SILVA, et al., 2018).
Segundo Boechat (2003)¹, a família e a escola emergem como duas instituições fundamentais, priorizando uma reflexão sobre sua função social, suas tarefas e papéis na sociedade contemporânea.
Uma das tarefas mais importantes, embora difícil, seja preparar tanto os alunos quanto professores e pais para viverem e superarem as dificuldades em um mundo de mudanças rápidas e conflitos interpessoais.
Os pais precisam acompanhar seus filhos na escola, nas atividades, conhecer também suas amizades, para então poder exercer seu papel responsável de disciplina e cuidado sobre eles.
A ausência dos pais às reuniões pedagógicas é um fato que vem acontecendo muito no contexto escolar atual (BHERING, 1999).
O que se vê hoje são crianças entregues a sua própria sorte, pois os pais assumiram outras funções sociais, e a escola sozinha não consegue cumprir todo o processo educacional (SILVA, et al., 2018).
É preciso que a família proporcione atenção e carinho para as crianças, em ambientes agradáveis para que elas possam desenvolver suas atividades escolares da melhor forma possível (SILVA, et al., 2018).
A família tem o dever de instruir seus filhos para que eles possam, com o auxílio da escola se desenvolver como pessoa, tanto socialmente quanto culturalmente e psicologicamente na sociedade que as rodeia.
Segundo Osório (1996), costuma-se dizer que a família educa e a escola ensina, ou seja, à família cabe oferecer à criança e ao adolescente a pauta ética para a vida em sociedade e a escola instruí-lo, para que possam fazer frente às exigências competitivas do mundo na luta pela sobrevivência.
Por meio de experiências e do convívio interpessoal, a família auxilia no processo de desenvolvimento intelectual, emocional e social dos filhos. A família é um local de aprendizagem.
Para Marturano (1998) é importante que crianças e adolescentes se sintam parte integrante do ambiente, e uma boa maneira de o fazer é integrando estes às atividades rotineiras do lar, que culminem em momentos de aprendizagem e trocas.
É muito importante que a família, seja ela constituída da forma que for, se envolva na vida escolar do seu filho, que ela o motive para um aprendizado efetivo na escola e para a vida.
Afinal, uma boa educação escolar não depende somente de bons prédios e bons professores, mas acima de tudo, precisa do apoio da família para continuar com a aprendizagem na certeza de que se está garantindo o presente pensando no futuro dos pequenos cidadãos (ARANTES & SAMPAIO, 2022).
A criança, quando percebe um franco interesse da família pela sua vida escolar, ela valorizada, segura, amada, importante e feliz, além de se desenvolver melhor no aspecto cognitivo e social. E por isso, a criança também fica mais dedicada.
Quanto mais os pais estiverem próximos, mais a criança expande suas relações sociais no ambiente escolar (crianças e adultos não pertencentes à sua família), de uma forma mais harmoniosa e fluída, mais amigos ela vai fazer, e vai aproveitar mais ainda também a oportunidade de usufruir do grande laboratório de convivência que representa a escola (ARANTES & SAMPAIO, 2022).
¹BOECHAT, Ivone. A família no século XXI. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Reproarte, 2003.
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