Você já ouviu falar sobre a abordagem Reggio Emilia?

Reggio Emilia é uma cidade do norte da Itália, no qual no pós guerra, os cidadãos, em busca de um futuro melhor, resolveram elaborar uma nova escola.

Assim, em 1946, Loris Malaguzzi ajudou a construir escolas com as sobras da guerra, onde foi criada a “Escola Tanque” e outras sete escolas, mantidas por famílias da cidade, localizadas em bairros mais desfavorecidos.

Em 1963, foi criada a primeira escola que segue a proposta de Malaguzzi, a abordagem Reggio Emilia.

Mas do que se trata essa abordagem?

A abordagem Reggio Emilia não se refere a uma metodologia, mas uma filosofia.

É uma pedagogia imersa a infância, com o foco no desenvolvimento das crianças pequenas, para que se tornem crianças potentes e protagonistas, desenvolvendo suas potencialidades individuais.

Essa abordagem incentiva o desenvolvimento intelectual das crianças por meio de um foco sistemático sobre a representação simbólica (EDWARDS; GANDINI; FORMAN, 2015).

Além disso, a abordagem Reggio Emilia traz como uma das principais formas de aprendizagem os ateliês dentro do espaço escolar.

Equipados com uma infinidade de materiais, recursos e elementos da natureza que podem ser utilizados pelas crianças e pelos professores, organizados em prateleiras para melhor visualização e seleção, os ateliês proporcionam às crianças a prática das cem linguagens (ARAÚJO, 2023).

A abordagem também considera que a individualidade da criança é valorizada, mas também a cooperação com o outro e o mundo é crucial para o seu desenvolvimento.

A aprendizagem é construída em grupos e minigrupos, através do brincar livre, brincar simbólico, propostas livres e dirigidas.

Em seu cotidiano, a criança é cercada por diferentes pensamentos, gostos, interesses, diferentes pontos de vista, e assim através da troca com o outro, a criança se desenvolve consigo mesma e com o mundo, proporcionando a ela o seu desenvolvimento e aprendizado.

A criança precisa descobrir por si mesma, sem a intervenção de um adulto, quando damos essa possibilidade para a criança, através da experimentação ela consegue solucionar.

O brincar explorador é um exemplo de prática do brincar livre e espontâneo.

Nessa abordagem, portanto, o foco está nas crianças e não nos tópicos a serem ensinados.

No centro da perspectiva de Reggio Emilia, a Educação Infantil está na crença de que as crianças são cheias de curiosidade e criatividade (ARAÚJO, 2023).

O professor na abordagem Reggio Emilia

Nas escolas em Reggio Emilia não há currículo planejado o que requer que o professor esteja atento às necessidades das crianças, observando, pesquisando e permitindo que façam escolhas e que discutam sobre elas (MARAFON, 2017)¹.

O papel do professor é bem amplo já que ele atua na promoção da aprendizagem das crianças em diferentes domínios (cognitivo, social, físico e afetivo).

E em relação ao domínio cognitivo vê-se a importância do professor provocar questionamentos, orientar alunos, problematizar situações.

Nos domínios social e afetivo o professor deve oportunizar a troca entre os alunos por meio do engajamento em projetos e incentivo à comunicação de ideias, sentimentos, imaginação, deixando-as à vontade para se expressarem (MARAFON, 2017)¹.

Já em relação ao domínio físico, o espaço é por si mesmo educador e os professores devem dar lhes liberdade para as descobertas.

Os professores tem um grande papel, pois manejam a sala de aula, preparam o ambiente, incentivam e orientam os alunos, se comunicam com os pais e a comunidade em geral, além de buscar seu próprio crescimento profissional, pesquisando sobre seu trabalho diário (MARAFON, 2017)¹.

Assim, a relação entre professor e criança, deve ser pautada no envolvimento mútuo, onde o docente não se foca só em regras, rotinas, informações de conduta e desempenho do aprendiz.

É claro que o docente deve avaliar as aprendizagens das crianças e isso é feito a partir de uma série de documentos construídos ao longo do projeto.

Essa avaliação, longe de buscar classificar ou rotular as crianças, busca registrar e acompanhar as explorações e descobertas infantis, respeitando a individualidade e tempo próprio de cada criança (BARACHO, 2011).

Nesse sentido, é preciso que o docente tenha um olhar curioso e atento às “situações, falas, gestos e produções de crianças que possam servir como ‘pistas’” (BARACHO, 2011).

São essas pistas que ajudarão o professor na definição de suas formas de atuação e intervenção nas aprendizagens.

Os documentos ou documentações são diferentes materiais produzidos durante as atividades (vídeos, anotações, comentários, fotos, reflexões).

Ou ainda registros em fita e transcrições do diálogo das crianças e das discussões em grupo, materiais impressos e fotografias em slide de momentos cruciais das atividades e coleta de produtos e de construções feitos pelas crianças (EDWARDS, GANDINI, FORMAN, 2015).

¹MARAFON, Danielle. A abordagem de Reggio Emilia para aprendizagem na educação infantil. Anais do XIII Congresso Nacional de Educação, 2017.