A educação pela pesquisa visa a formação de sujeitos críticos e autônomos.

Capazes de intervir na realidade com qualidade formal e política.

O processo de ensinar pela pesquisa inicia-se com o questionamento de verdades e conhecimentos já estabelecidos.

Esse questionamento visa a sua reconstrução.

O ensino pela pesquisa começa por perguntas produzidas no contexto da sala de aula.

Com envolvimento ativo de todos os participantes.

São perguntas que partem dos conhecimentos que alunos e professores já trazem de sua vivência anterior e da realidade em que vivem.

Tem a finalidade de fazer avançar os conhecimentos prévios, tornando-os mais complexos e conscientes.

A partir do questionamento dos conhecimentos já existentes inicia-se um processo de construção de novos argumentos.

Capazes de substituírem os conhecimentos questionados, argumentos que necessitam ser fundamentados e defendidos com rigor e competência.

Toda pergunta mostra limitações num conhecimento existente.

Preencher as lacunas existentes implica em pensar adiante do que já é conhecido.

Criar novas hipóteses ou modos de explicar e compreender as coisas.

Isto precisa representar uma construção dos envolvidos, com ativa participação de todos.

É o que denominamos construção de novos argumentos.

O questionamento e a construção de argumentos, mesmo podendo iniciar-se com os conhecimentos cotidianos e implícitos dos participantes, necessita fundamentar-se em argumentos teóricos rigorosos.

O que é feito por meio de interlocuções teóricas com uma diversidade de autores.

Uma vez de posse de um conjunto de perguntas a serem respondidas e acordadas coletivamente, é preciso ir em busca das respostas.

Inicialmente os alunos, seja individualmente ou em grupos, constroem argumentos ou hipóteses iniciais a partir de suas ideias.

Mas estes argumentos necessitam ser fundamentados.

Não podem apenas expressar ideias do senso comum dos envolvidos.

É preciso construir sua qualidade formal e científica.

Isto pode ser feito inicialmente pelo que denominamos interlocuções teóricas.

Significa ler livros, explorar teorias, consultar autores no sentido de encontrar elementos que ajudem a fundamentar os argumentos em construção.

É importante compreender que as respostas dos questionamentos não vêm dos teóricos e dos livros.

Vêm dos participantes.

Entretanto, os argumentos construídos pelos envolvidos precisam ser fundamentados em ideias de autores que já trabalharam estas questões anteriormente.

As interlocuções empíricas correspondem à realização de atividades práticas para fundamentar respostas aos questionamentos.

É o ir para a escola e coletar dados de avaliação junto aos alunos.

É o exame das contas de água para comparar o consumo e sua variação.

Deste modo, bons argumentos são ancorados em dados da realidade.

É lançar algumas âncoras que estabelecem ligações com a realidade.

É o que denominamos a interlocuções empíricas.

Todo este processo, questionamento, construção de respostas, interlocução teórica e empírica, necessita ser associado ao exercício de expressar os produtos de cada uma destas atividades.

É preciso produzir, especialmente por escrito, documentos que sintetizem os resultados deste trabalho.

É a comunicação.

Os alunos, periodicamente, demonstram os produtos de suas pesquisas, tanto para o professor como para os colegas.

A crítica resultante ajuda a reencaminhar os trabalhos no sentido de melhoria de sua qualidade.

Esta é a avaliação em sua essência.

Deste modo acabamos de examinar o processo da educação pela pesquisa.

A partir do questionamento de conhecimentos dos participantes, procura-se respostas.

Estas são apresentadas em forma de novos argumentos, que uma vez fundamentados teórica e empiricamente, são comunicados e criticados no sentido de melhoria de sua qualidade.

Pesquisa

Por que utilizar o ensino pela pesquisa nas aulas

A educação pela pesquisa possibilita superar a aula tradicional copiada, conduzindo a ambientes de aprendizagem em que os alunos assumem a construção de seus conhecimentos, mediados pelo professor.

A superação da aula tradicional, fundamentada na pretensão de transferência de conhecimentos, tendo como base a autoridade do professor, implica em mover o foco da sala de aula do professor para o aluno.

Neste sentido, na aula com pesquisa, os alunos passam de objetos à sujeitos da relação pedagógica e do processo de sua aprendizagem.

Isto significa que os alunos passam a ser considerados como sujeitos pensantes, capazes de tomar as iniciativas de sua aprendizagem.

Na educação pela pesquisa o professor transforma sua forma de considerar os alunos, vendo neles sujeitos autônomos, capazes de questionamento, argumentação e produção próprias.

Há uma aproximação entre professor e aluno, passando o primeiro a assumir muito mais uma função orientadora e mediadora do processo construtivo do aluno.

Considerando que isto se efetive verdadeiramente, todos os participantes do processo educativo passam a ter voz, passam a ter um envolvimento mais significativo em sua aprendizagem.

Isto conduz naturalmente à valorização dos trabalhos de grupos.

Especialmente em termos de intercâmbios linguísticos e argumentativos.

Entretanto, na dialética do trabalho grupal e individual, não pode ser esquecido o segundo elemento, o sujeito.

Os sujeitos em sua individualidade necessitam tanta consideração quanto o coletivo.

A aprendizagem na educação pela pesquisa ocorre tanto em grupos como na atuação individual.

Atingindo-se em cada tipo de envolvimento fins específicos do educar pela pesquisa.

Há momentos em que o grupo concentra as atenções.

Noutras oportunidades o foco é o sujeito em sua atuação individual.

O grupo por excelência é um local para o desenvolvimento de capacidades argumentativas orais.

Nele a linguagem é exercitada.

Competências argumentativas se desenvolvem.

Já no foco do trabalho individualizado são enfatizadas competências de interlocução teórica e empírica, resultando em produções escritas personalizadas.

Certamente a produção, de modo especial a escrita, é uma das formas de os sujeitos construírem sua competência de argumentar e de assumirem sua qualidade política de intervenção e transformação.

A produção em um ambiente de aula com pesquisa é um exercício desafiador e permeado de contradições, exigindo saber lidar com algumas antinomias ao longo do processo.

Este trabalho de produção, adequadamente mediado, possibilita atingir resultados muito positivos.

Tanto em termos de qualidade formal das produções, como de qualidade política e de transformação dos envolvidos.