Vários documentos oficiais referentes a educação trazem a redação de “bases de competências” associadas às principais etapas da escolaridade.
Mas o que são essas competências?
Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc) para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações.
Parece complexo né? Mas não é.
Um exemplo de competência é saber orientar-se em uma cidade desconhecida.
Isso mobiliza as capacidades de ler um mapa, localizar-se e pedir informações ou conselhos.
E utiliza os saberes: ter noção de escala, elementos da topografia ou referências geográficas.
É importante destacar que não temos as mesmas vivências.
Logo, desenvolvemos competências adaptadas a nossa vivência de mundo, ao nosso cotidiano.
A selva das cidades exige competências diferentes da floresta virgem.
Os pobres têm problemas diferentes dos ricos para resolver.
Algumas competências se desenvolvem em grande parte na escola. Outras não.
Por que a competência é associada à educação
A escola é em geral, o local de aprendizado. Da formação na vida das pessoas.
Mas quando a escola se preocupa em formar competências, em geral dá prioridade a recursos.
Durante a escolaridade básica, aprende-se a ler, a escrever, a contar, mas também a raciocinar, explicar, resumir, observar, comparar, desenhar e dúzias de outras capacidades gerais.
E isso está associado a conhecimentos disciplinares, como matemática, história, ciências, geografia etc.
Mas a escola nem sempre tem a preocupação de ligar esses recursos a certas situações da vida.
Quando se pergunta porque se ensina isso ou aquilo, a justificativa é geralmente baseada nas exigências da sequência do currículo.
Ensina-se a contar para resolver problemas.
Aprende-se gramática para redigir um texto.
Quando se faz referência à vida, apresenta-se um lado muito global.
Aprende-se para se tornar um cidadão, para se virar na vida, ter um bom trabalho, cuidar da sua saúde.
A onda atual de competências está ancorada em duas constatações :
A abordagem por competências é uma maneira de levar a sério, em outras palavras, uma problemática antiga, aquela de apenas transferir conhecimentos.
Mas desenvolver tais competências não é desenvolver habilidades e saberes?
Não se pode desenvolver competências na escola sem limitar o tempo destinado à pura assimilação de saberes.
Nem sem questionar sua organização em disciplinas fechadas.
Entretanto, a maioria das competências mobiliza certos saberes.
Ou seja, desenvolver competências não implica virar as costas aos saberes, ao contrário.
Não há competências sem saberes, uma vez que competências mobilizam saberes
Habitualmente usa-se falar de habilidades para designar habilidades concretas.
Ao passo que a noção de competência parece mais ampla e mais “intelectual”.
Na realidade, refere-se ao domínio prático de um tipo de tarefas e de situações.
No entanto habilidades e competências não podem ser usadas como sinônimos.
As competências referem-se ao domínio prático de um tipo de tarefas e de situações.
Tais domínios práticos só podem ser alcançados se junto com eles desenvolvemos também as habilidades dos alunos.
O que só se pode realizar a partir da compreensão do conteúdo que explica aquele domínio.
Por exemplo, se queremos desenvolver o domínio prático da Matemática nas tarefas cotidianas dos alunos, precisamos desenvolver suas habilidades numéricas.
Para tanto, precisamos introduzir conceitos sobre número, quantidade, agrupamento etc., que fazem parte do conjunto de temáticas que formam os conteúdos.
Já as habilidades são representadas pelas ações em si.
Ou seja, pelas ações determinadas pela competência de forma concreta.
Como escovar o cabelo, pintar, escrever, montar e desmontar, tocar instrumentos musicais etc.
Quem quiser saber mais sobre o assunto pode ler este livro.
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