Paulo Freire é um importante referencial para a educação mundial.
Isso porque concebeu uma epistemologia inovadora da educação em termos mundiais.
E em reconhecimento a esse feito, recebeu 39 títulos de Doutor Honoris Causa – 34 em vida e cinco in memoriam – e mais de 150 títulos honoríficos e/ou medalhas.
Em 2012, foi declarado Patrono da Educação Brasileira (por meio da Lei Federal nº 12.612, de 13/4/2012).
Além disso, Paulo Freire escreveu mais de 20 livros como único autor e 13 em coautoria.
A proposta de Paulo Freire da educação da libertação (ou educação problematizadora) se baseia na indissociabilidade dos contextos e das histórias de vida na formação de sujeitos.
Que ocorre por meio do diálogo e da relação entre alunos e professores.
Ou seja, ambos, professores e alunos, são transformados no processo da ação educativa.
E aprendem ao mesmo tempo em que ensinam.
Além disso, o reconhecimento dos contextos e histórias de vida neste diálogo se desdobra em ação emancipadora.
A educação problematizadora busca estimular a consciência crítica da realidade.
E a postura ativa de alunos e professores no processo ensino-aprendizagem.
De forma que não haja uma negação ou desvalorização do mundo que os influencia.
Paulo Freire doutrinador marxista? Comunista?
Várias dessas faixas foram vistas nas últimas manifestações populares.
E podemos dizer é uma distorção de uma das ideias defendidas por Paulo Freire.
A ideia de que a educação é encarada como um ato político.
E de fato é! Não foram os “esquerdistas”, ou Paulo Freire, que inventaram isso.
Ensinar é um ato político, tendo ou não consciência disso.
Somos políticos e não há como separar isso no processo de ensino aprendizagem.
Isso significa que não há neutralidade, nem na ciência, nem no ensino, nem em nossas opiniões/posturas diárias.
Ou seja, cotidianamente estamos fazendo atos políticos.
E isso significa que doutrinamos nossos alunos?
Não! Nada está mais longe da pedagogia de Paulo Freire do que essa ideia de doutrinar.
Ele, inclusive, era contrário a qualquer tipo de doutrinação.
Para ele, a dimensão política se dá pela leitura crítica do mundo.
Quando, por exemplo, ouvimos o aluno, mesmo quando ele discorda de nós, estamos ensinando a ele (concretamente e não apenas com palavras) um importante princípio da democracia.
Com isso, as relações estabelecidas entre alunos e professores devem ser embasadas em interações de respeito entre sujeitos e cidadãos.
Para desse modo construir conhecimento crítico e centrado na busca pela autonomia.
Essa autonomia, importante destacar, é sempre resultado de um esforço individual.
Que gera o próprio amadurecimento e se constrói nas relações entre seres humanos.
E, somente nestas interações, a aprendizagem se consolida.
Nós realmente utilizamos Paulo Freire no Brasil?
Eu diria que em poucos lugares.
Ele entra como frase de efeito, como título de biblioteca, nome de salão.
E também na teoria das licenciaturas, como leitura de concurso.
Mas a prática do seu pensamento são poucos lugares em que entra.
Prova disso são os desastrosos números da nossa educação.
Ainda temos de 12 a 13 milhões de analfabetos, segundo a Unesco.
E também altos índices de analfabetismo funcional, péssimos índices em português e matemática.
Além das recorrentes notícias de agressões a professores e alunos. O respeito passa longe da sala de aula.
Como deveria ser a escola se seguíssemos Paulo Freire
É a leitura da palavra que proporciona a leitura crítica do mundo e permite a compreensão da sua realidade social e política.
Essa seria a essência da educação emancipadora e autônoma.
Ou seja, possibilita que pessoas das classes menos favorecidas da sociedade desenvolvam uma consciência crítica de sua situação.
E vejam-se como protagonistas da própria história, capazes de transformar a realidade, sempre coletivamente.
Em busca da autonomia na educação, Freire preconiza a estratégia da ação-reflexão-ação.
Utilizando como ferramentas o estímulo à curiosidade, à postura ativa e à experimentação do aluno, fomentando a análise crítica da realidade durante a formação.
Logo, se o aluno deve ser questionador, não há como ser doutrinado.
Portanto, na concepção freireana, o professor deve atuar de forma problematizadora, questionadora.
Mas com postura respeitosa e gentil, desestimulando qualquer forma de discriminação e respeitando a diversidade entre os alunos.
Além disso, a escola deve considerar a realidade e o contexto histórico e social ao qual o aluno está inserido.
Para Freire, ensinar é uma especificidade humana.
E ele prioriza a necessidade de o professor saber escutar o educando, sendo o diálogo a sua principal ferramenta de ensino.
Países que realmente usam as ideias de Paulo Freire na educação
Um país muito simpático ao conjunto da obra do Paulo Freire é a Finlândia.
E é um país que avançou muito na educação. Está sempre no topo dos rankings educacionais.
Cuba e Coreia do Sul também acabaram com o analfabetismo com base no método.
Para você ter uma ideia, o maior seminário internacional sobre Paulo Freire foi realizado na Universidade Nacional da Coreia do Sul em 2012.
Há também projetos freirianos na Hungria, no Japão.
Além disso, Paulo Freire é o terceiro teórico mais citado no mundo.
Também há cinco Institutos Paulo Freire, espalhados por diferentes países além do Brasil.
Dentre eles: Reino Unido, Portugal, Áustria, Argentina e Chile.
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