Você sabia que o V de Gowin é uma ótima ferramenta estruturante para sua pesquisa?
Mesmo que elaboração de projetos constitua o cotidiano do pesquisador em todas as ciências, nem sempre é uma tarefa fácil, não é?
A escrita de um trabalho que responda uma questão e defenda um argumento é obrigatória ao longo da vida acadêmica.
Mas como estruturar um argumento que esteja bem “amarrado” e “conversando” com as outras partes do trabalho?
Eu tenho a resposta!
Utilizando o V de Gowin ou também chamado de V epistemológico.
Esta é uma ferramenta que te ajudará demais na hora de checar se a sua pesquisa está coerente.
Isso porque Gowin considera que a investigação científica que leva à produção do conhecimento é um processo de geração de estruturas de significados.
O processo de pesquisa pode ser visto então como uma estrutura de significados.
E os elementos dessa estrutura são eventos, fatos e conceitos.
Assim, o que a pesquisa faz por meio de suas ações é estabelecer conexões específicas.
Entre um dado evento, os registros feitos deste evento, os julgamentos factuais derivados desses registros, os conceitos que focalizam as regularidades nos eventos e os sistemas conceituais utilizados para interpretar esses julgamentos a fim de se chegar à explanação do evento.
Criar essa estrutura de significados em uma certa investigação é ter feito uma pesquisa coerente.
O V de Gowin e o processo de produção do conhecimento
A análise do processo de produção do conhecimento proposta por Gowin partiu inicialmente de um conjunto de cinco questões:
Este conjunto de questões constituiu uma espécie de “embrião” do diagrama V.
Assim, a forma de ‘V’ do diagrama é interessante na medida em que mostra a produção do conhecimento como um processo de interação entre um domínio teórico conceitual com um domínio de natureza metodológica.
Dando-se tal interação com vistas à respostas das questões formuladas envolvendo eventos ou objetos, para os quais os domínios convergem.
É importante observar no V sua capacidade de integrar sinteticamente os elementos envolvidos no processo de investigação.
Tal arranjo permite ao observador constatar as relações de interação e codeterminação entre tais elementos, esclarecendo o iniciante sobre essas relações.
O V aponta para o evento a ser estudado, sobre o qual a questão de pesquisa é formulada.
Dessa forma, o lado direito do V ilustra os elementos metodológicos da pesquisa, registros, transformações de registros em dados e asserções de conhecimento e de valor resultantes da interpretação dos dados.
Já o lado esquerdo é conceitual, descrevendo conceitos, princípios, teorias e filosofias que guiam a formulação da questão, o planejamento do evento e as atividades do lado direito.
Assim, existe uma contínua interação entre os componentes de ambos os lados, ajudando a clarificar e integrar a estrutura do conhecimento.
Como utilizar o V de Gowin para estruturar sua pesquisa
Originalmente, V de Gowin é utilizado para “desempacotar” conhecimentos já produzidos.
Ou seja, materializados na forma de artigos, livros, teses ou qualquer obra escrita que apresente resultados de pesquisa.
Para utilizar o V para uma projeção daquilo que será a pesquisa, o problema ou evento abordado, alguns elementos originais precisam ser adaptados.
Iniciando pelo lado do domínio conceitual ou o lado do pensar a pesquisa, pode-se caracterizar esse procedimento como análogo ao método hipotético-dedutivo.
Esse lado representa toda a postura filosófica e teórica assumida pelo pesquisador.
Na qual ele se baseia para observar o mundo ao seu redor.
A partir daí, através da metodologia científica escolhida, representada pelo lado do domínio metodológico, chega-se às respostas da questão básica para verificar ou não as predições feitas inicialmente.
No entanto, quando a investigação é pensada a partir do lado do domínio metodológico ou lado do fazer a pesquisa, pode-se caracterizar esse procedimento como análogo ao método indutivo.
Nesta perspectiva, as observações são registradas, transformadas e interpretadas gerando asserções de conhecimento.
A partir dessas, percorre-se o caminho inverso na buscar de uma explicação geral que possa ser o ponto de partida para a construção do lado do domínio conceitual, com a elaboração de conceitos, princípios e teorias.
Questão(ões)-foco
Na acepção original dize(m) respeito à(s) questão(ões) básica(s) de pesquisa.
Identifica(m) o fenômeno de interesse informando o quê em essência foi estudado.
Questões de pesquisa são a motivação para a realização da pesquisa.
São importantes para o pesquisador estar consciente das mesmas na concepção do projeto.
E para a objetividade de seu trabalho.
Consciente ou não, o pesquisador partilha de uma filosofia que motiva suas práticas enquanto pesquisador.
Apesar de não aparecer como exigência na concepção de um projeto, é importante conhecer quais as filosofias subjacentes à escolha do tema de pesquisa.
Bem como à abordagem dada à questão.
Conceitos, princípios e teorias estão intrinsecamente ligados.
Os conceitos são elementos essenciais, dos quais emergem princípios e teorias utilizadas como referencial teórico na concepção de um projeto.
Trata-se do problema identificado.
Um aspecto da realidade sobre o qual o pesquisador lança seu olhar e a respeito do qual levanta questões.
Num projeto, além da explicitação do problema, trata-se do recorte analítico, tanto espacial quanto temporal.
São as observações feitas sobre o problema.
Tais observações podem ser dados de natureza quantitativa ou qualitativa.
É todo o conjunto de informações extraídas.
Ou que se pretende extrair sobre o problema ou evento, ainda em estado bruto, carente de tratamento.
Trata-se do tipo de tratamento a ser dado às informações coletadas (registros).
Por exemplo, considerando-se a coleta de dados estatísticos, pode-se realizar a tabulação e confecção de gráficos.
Ou ainda, a elaboração de mapas e a sobreposição de níveis de informações obtidas na análise de cartas topográficas.
Se você consegue preencher o V com sua pesquisa o argumento dela está bem coerente.
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