Uma nova batalha vem sendo travada dentro e especialmente fora das salas de aula do Brasil.

A polêmica gira em torno da chamada educação domiciliar, em que famílias optam por ensinar seus filhos na própria casa e não na escola.

O ensino doméstico é tema de quatro projetos de lei.

Dois da Câmara dos Deputados (PL nº 3.179/2012PL nº 3.261/2015) e dois do Senado Federal (PL nº 490/2017PLS nº 28/2018).

O mais recente (nº 28/2018), visa impedir a criminalização de homeschooling (termo em inglês usado para definir o modelo).

Na última quarta-feira (12), o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que, com a atual legislação, os pais não têm direito de tirar filhos da escola para ensiná-los exclusivamente em casa.

Para a maioria do STF essa prática poderá se tornar válida se aprovada uma lei que permita avaliar não só o aprendizado, mas também a socialização do estudante educado em casa.

O que dizem os defensores da educação domiciliar

Para os pais que optam pelo ensino domiciliar, existem diversas razões para tirar os filhos da escola.

Entre eles, o bullying ou por quererem mais convivência com as crianças.

Muitos defendem que a qualidade da educação é maior em casa, com a possibilidade das crianças aprenderem seguindo seu próprio ritmo e interesses.

Outra grande preocupação dos pais diz respeito aos conceitos divergentes dos próprios princípios e valores.

Sejam religiosos ou morais, ou a uma suposta doutrinação das crianças por parte do Estado.

Outro ponto bastante questionado é a liberdade de escolha.

A discussão fica em torno da linha tênue entre os limites de intervenção do Estado na esfera das liberdades individuais.

A educação domiciliar, segundo seus adeptos, seria a solução para o ensino de qualidade.

Mas será que é esse mesmo o caminho?

Ainda que a educação domiciliar já possua hoje inúmeros adeptos espalhados por diversos países, comunidades organizadas e, especialmente, teóricos e pesquisadores a tratar desse tema, não há consenso se é uma boa ou não para as crianças ou para a sociedade.

A escolarização, com seus sistemas instituídos, foi uma conquista dos últimos séculos.

E apesar de todos os problemas que temos, trouxe inquestionáveis progressos para a sociedade.

É preciso melhorar a qualidade da escola ao invés de desescolarizar a sociedade.

Por que não ser um complemento a escola ao invés de retirar seus filhos dela?

Quantos pais de fato acompanham o aprendizado de seus filhos na escola?

É claro que todo mundo gostaria de um ensino personalizado que priorize os nossos gostos e interesses.

Mas há diversos conhecimentos que não estão nas nossas preferências e são igualmente importantes para a vida.

Além disso, estariam todos os pais qualificados a fazerem a educação de seus filhos?

A escola é importante não apenas pelo conteúdo, aos quais são tratados por especialistas da área.

Mas também e principalmente pela convivência que se tem com outras pessoas e o aprendizado que se tem com isso.

Seja na hora de se aprender a lidar com o outro, ou de aprender com os colegas, comparar seus trabalhos e até mesmo de lidar com brigas e desentendimentos.

Toda essa vivência é tão importante quanto português, matemática ou história.

Sem o contato contínuo com colegas da escola, as crianças não aprendem a lidar com conflitos, concorrência e pressões sociais.

Além disso, a sua visão de mundo ficaria limitada às ideologias dos pais.

Qual a vantagem em ter uma educação limitada a uma perspectiva, um ponto de vista?

A riqueza da escola está justamente nas diferenças, na pluralidade cultural.

Que tipo de formação queremos aos nossos filhos?

O que você pensa a respeito?