É possível encontrar diferentes definições para ensino híbrido na literatura.

Todas elas apresentam, de forma geral, a convergência de dois modelos de aprendizagem.

O modelo presencial, em que o processo ocorre em sala de aula, como vem sendo realizado há tempos.

E o modelo online, que utiliza as tecnologias digitais para promover o ensino.

No ensino híbrido, a ideia é que educadores e estudantes ensinem e aprendam em tempos e locais variados.

O termo ensino híbrido está enraizado em uma ideia de que não existe uma forma única de aprender.

E de que a aprendizagem é um processo contínuo.

Podemos considerar, assim, que os dois ambientes de aprendizagem, a sala de aula considerada tradicional e o ambiente virtual de aprendizagem são complementares.

Isso ocorre porque, além do uso de variadas tecnologias digitais, o indivíduo interage com o grupo, intensificando a troca de experiências na construção de conhecimentos.

O ensino híbrido configura-se na oferta de diferentes espaços de ensino-aprendizagem no contexto escolar.

Promovendo a autonomia dos alunos para que possam trabalhar em grupos e compartilharem conhecimentos.

Esses espaços se tornam complexos sistemas de interações entre aluno-conhecimento, aluno-professor e aluno-aluno.

No qual o professor não assume mais o papel de detentor do conhecimento, mas todos os envolvidos no processo são responsáveis por essa construção, assim como as diferentes ferramentas digitais.

Nesse aspecto, o ensino híbrido parte de uma proposta metodológica que impacta na ação no professor em situações de ensino.

E na ação dos estudantes em situações de aprendizagem.

Pois a troca entre os pares com diferentes habilidades e níveis de conhecimento se torna mais fluida e participativa.

Mas qualquer tecnologia que eu usar na sala de aula pode ser considerada ensino híbrido?

Não necessariamente.

Entenda que, não é o uso de lousa digital, um slide ou outro tipo de tecnologia que torna o ensino híbrido.

É o uso que se faz da tecnologia para proporcionar ao aluno formas de aprendizagem e autonomia.

O aluno pode aprender pelo ensino online controlando de alguma forma o tempo, lugar, modo e/ou ritmo do estudo, e por meio do ensino presencial, na escola.

As modalidades ao longo do caminho de aprendizado de cada estudante em um curso ou matéria são conectadas para oferecer uma experiência de educação integrada.

Assim, a aprendizagem não está restrita às aulas do dia ou da semana, não está restrita às paredes da sala de aula, não está restrita à metodologia do professor, não está restrita ao ritmo da sala de aula.

Há possibilidade de personalizar o ensino por meio da utilização de diferentes recursos didáticos, tendo as tecnologias digitais como espinha dorsal do processo.

ensino híbrido

Possibilidades de uso do ensino híbrido

Autores como  Horn & Staker (2015) trabalham quatro tipos estruturantes possíveis na educação híbrida.

 Rotação

O Modelo de Rotação está baseado na criação, pelo professor, de diferentes espaços de ensino-aprendizagem.

Eles estão dentro ou fora da sala de aula para que os estudantes revezem entre diferentes atividades.

De acordo com um horário fixo ou de acordo com a orientação do professor.

Os espaços de ensino-aprendizagem podem envolver pequenos grupos de discussões, atividades escritas, leituras e, necessariamente, uma atividade online.

Propiciando para o aluno a oportunidade de busca de novas fontes de conhecimento fora do seu contexto escolar.

Rotação por estações

Os estudantes são organizados em grupos, e cada um desses grupos realiza uma tarefa de acordo com os objetivos do professor para a aula.

Um dos grupos estará envolvido com propostas online que, de certa forma, independem do acompanhamento direto do professor.

É importante notar a valorização de momentos em que os alunos possam trabalhar colaborativamente e momentos em que trabalhem individualmente.

Após determinado tempo, previamente combinado com os estudantes, eles trocam de grupo, e esse revezamento continua até que todos tenham passado por todos os grupos.

As atividades planejadas não seguem uma ordem de realização, sendo de certo modo independentes.

Embora funcionem de maneira integrada para que, ao final da aula, todos tenham tido a oportunidade de ter acesso aos mesmos conteúdos.

Laboratório rotacional

Os estudantes usam o espaço da sala de aula e o laboratório de informática ou outro espaço com tablets ou computadores, pois o trabalho acontecerá de forma online.

Assim, os alunos que forem direcionados ao laboratório trabalharão nos computadores individualmente, de maneira autônoma, para cumprir os objetivos fixados pelo professor, que estará, com outra parte da turma, realizando sua aula da maneira que considerar mais adequada.

A proposta é semelhante ao modelo de rotação por estações, em que os alunos fazem essa rotação em sala de aula.

Porém, no laboratório rotacional, eles devem dirigir-se aos laboratórios, onde trabalharão individualmente nos computadores, sendo acompanhados por um professor tutor.

Esse modelo é sugerido para potencializar o uso dos computadores em escolas que contam com laboratórios de informática.

Sala de aula invertida

A teoria é estudada em casa, no formato online, por meio de leituras e vídeos.

Enquanto o espaço da sala de aula é utilizado para discussões, resolução de atividades, entre outras propostas.

No entanto, podemos considerar algumas maneiras de aprimorar esse modelo, envolvendo a descoberta, a experimentação, como proposta inicial para os estudantes.

Ou seja, oferecer possibilidades de interação com o fenômeno antes do estudo da teoria.

Rotação individual

Cada aluno tem uma lista das propostas que deve completar em sua rotina para cumprir os temas a serem estudados.

Aspectos como avaliar para personalizar devem estar muito presentes nessa proposta, visto que a elaboração de um plano de rotação individual só faz sentido se tiver como foco o caminho a ser percorrido pelo estudante de acordo com suas dificuldades ou facilidades, identificadas em alguma avaliação inicial ou prévia.

A diferença desse modelo para outros modelos de rotação é que os estudantes não rotacionam, necessariamente, por todas as modalidades ou estações propostas.

Sua agenda diária é individual, customizada conforme as suas necessidades.

Em algumas situações, o tempo de rotação é livre, variando de acordo com as necessidades dos estudantes.

Em outras situações, pode não ocorrer rotação e, ainda, pode ser necessária a determinação de um tempo para o uso dos computadores disponíveis.

O modo de condução dependerá das características do aluno e das opções feitas pelo professor para encaminhar a atividade.

Modelo Flex

O Modelo Flex está baseado na experiência de aprendizagem por meio de atividades online.

Os alunos também têm uma lista de atividades a ser cumprida, porém a aprendizagem online é o ponto fulcral.

O ritmo de cada estudante é personalizado e o professor fica à disposição para esclarecer dúvidas.

A la carte

No Modelo A La Carte, o estudante é responsável pela organização de seus estudos.

De acordo com os objetivos gerais a serem atingidos e organizados em parceria com o educador.

Personalizando a aprendizagem, que pode ocorrer no momento e local mais adequados.

Nessa abordagem, pelo menos um curso é feito inteiramente online, apesar do suporte e organização compartilhada com o professor.

A parte online pode ocorrer na escola, em casa ou em outros locais.

Modelo virtual aprimorado

O Modelo Virtual Aprimorado trata-se de uma experiência realizada por toda a escola.

Em que em cada curso (como o de Matemática, por exemplo), os alunos dividem seu tempo entre a aprendizagem online e a presencial.

É importante ressaltar que não há uma ordem estabelecida para aplicação e desenvolvimento desses modelos em sala de aula e não há hierarquia entre eles.

Todos podem ser adotados desde que se mantenham as características individuais que os diferenciam.

As atividades podem ser muito mais diversificadas, com metodologias mais ativas, que combinem o melhor do percurso individual e grupal.

As tecnologias móveis e em rede permitem não só conectar todos os espaços, mas também elaborar políticas diferenciadas de organização de processos de ensino-aprendizagem adaptados a cada situação.

Ou seja, aos que são mais proativos e aos mais passivos; aos muito rápidos e aos mais lentos; aos que precisam de muita tutoria e acompanhamento e aos que sabem aprender sozinhos.