Todo professor procura motivar seus alunos para que estes se interessem pelas aulas.
Ou para que estejam atentos, participem, apresentem comportamentos adequados e obtenham bons resultados escolares.
Mas isso nem sempre é fácil.
A desmotivação dos alunos podem tem diferentes causas.
Alunos que estão desmotivados porque têm dificuldade em aprender, alunos desmotivados porque acham irrelevante aprender, alunos desmotivados porque acham chato aprender.
Por isso trazemos estratégias para motivar os alunos em cada uma dessas situações.
Como motivar quando a desmotivação é consequência da dificuldade em aprender
No caso da desmotivação ser consequência do insucesso repetido é fundamental promover cognições motivacionais positivas relacionadas com a autoeficácia.
O que você professor, pode fazer para motivar estes alunos:
O processo de ensino aprendizagem ocorre no contexto de uma relação interpessoal entre um professor e um aluno.
A qualidade desta relação tem necessariamente repercussões ao nível da qualidade da aprendizagem.
Além disso, os alunos com insucesso repetido experienciam sucessivamente emoções negativas.
O que reforça a necessidade de um contexto relacional de aprendizagem tranquila.
Isto implica a reflexão sobre a qualidade das relações pedagógicas que cada professor estabelece com cada aluno.
Quanto mais segurança o aluno sente com o professor melhores são as chances de sucesso.
O feedback fornecido ao aluno deve ter como objetivo o desenvolvimento das suas competências e aptidões.
Ou seja, sobre os aspectos que o aluno deve desenvolver, melhorar e corrigir.
E preciso ser claro na forma como o aluno deve proceder.
No entanto, o feedback deve ser também focado nos aspetos em que o aluno já é eficaz.
O professor deve enfatizar tanto as dimensões a trabalhar ou corrigir, como as dimensões em que o aluno já é bem sucedido.
Ao enfatizar e reforçar os aspetos positivos, o aluno reforçará a confiança própria.
E consequentemente tenderá a manter a persistência e envolvimento.
O feedback é particularmente relevante, uma vez que neste caso se tratam de alunos com dificuldades em aprender, que experienciam várias vezes o fracasso, necessitando por isso de mais reforço positivo relativo aos progressos.
Chamamos ainda a atenção para feedback valorativos como “Muito bem!” são positivos mas muito pouco produtivos.
O que importa é detalhar e especificar o que é que o aluno fez muito bem.
Tratando-se de alunos com dificuldades na aprendizagem, é importante proporcionar situações em que o aluno possa experienciar sucesso.
Isso significa que, ás vezes é necessário ajustar o nível de exigência da tarefa à capacidade real atual do aluno em questão.
Ter sucesso ajuda o aluno recuperar a confiança e aumenta a motivação.
Confiança e motivação, por sua vez aumentam o empenho e consequentemente, o sucesso.
Importante ressaltar que, planejar atividades em que o aluno tenha sucesso não significa desconsiderar a complexidade dos conteúdos.
A questão abordada neste tópico relaciona-se com a heterogeneidade dos alunos.
Ou seja, diferentes níveis diferentes de compreensão dos conteúdos, em diferentes tempo.
Nem todos os alunos, num mesmo nível de escolaridade têm o mesmo nível de raciocínio abstrato ou cálculo mental.
É essencial não perder de vista que o objetivo do ensino é o aluno aprender.
Isso implica que o aluno consiga gerir o seu próprio processo de aprendizagem.
É importante que se promova continuamente a autorregulação da aprendizagem naturalmente necessária ao processo de aprendizagem.
Ou seja, situações em que se estimula explicitamente no aluno o esforço, a ação estratégica e o papel atuante na aprendizagem.
Assim, é fundamental criar situações em que o aluno possa desenvolver autonomia.
Se o professor diz sempre ao aluno o que fazer, sem nunca o questionar sobre o que acha que deverá fazer, por exemplo, então cada vez mais aumenta o controle por parte do professor e diminui a autonomia por parte do aluno.
As dificuldades de aprendizagem e o insucesso implicam necessariamente consequências emocionais negativas, como a frustração, a raiva ou a tristeza.
É frequente estes alunos verbalizarem constantemente “não sei”, “não sou capaz”, “não consigo”.
Nestas situações, muitas vezes o professor contrapõe, afirmando que o aluno consegue: “Claro que consegue!”.
Obviamente que a expectativa positiva do professor relativamente à capacidade do aluno é muito importante.
Mas muitas vezes esta postura acaba por ser um bloqueio ineficaz à expressão emocional do aluno.
Além disso, mais do que ouvir que é capaz, o aluno precisa de experienciar que é capaz, daí a necessidade de promover oportunidades de sucesso mencionada anteriormente.
Assim, quando o aluno expressa estas emoções negativas em consequência do fracasso e da dificuldade, mais do que negá-las (ou hipervalorizá-las), é mais eficaz, por exemplo, remeter o aluno para uma situação de sucesso.
Dando feedback de aspetos positivos, ou conduzindo-o a tentar de novo a realizar a tarefa ajustando as estratégias utilizadas.
Valorizar mais a qualidade e não tanto a quantidade.
É esperado que os alunos com dificuldades no processo de ensino aprendizagem evidenciem resultados escolares mais fracos, e em termos de ritmo sejam alunos mais lentos.
Se o padrão de valorização continuar a ser o resultado em si mesmo e a quantidade de tarefas cumpridas, estes alunos, continuarão numa inevitável situação desfavorável.
O que compromete cada vez mais os índices motivacionais destes alunos.
É importante que o foco de valorização seja cada vez mais, sempre que possível, o nível de esforço, empenho e a qualidade do seu trabalho.
Pais e professores tendem a comparar os filhos e alunos com outros.
Ainda que tenha a intenção de motivar: “Na tua idade, o teu irmão já fazia isso” ou “Já todos acabaram menos você”.
Esse tipo de comparação tende a provocar reações negativas além de revolta e injustiça.
Os alunos naturalmente tendem a se comparar entre si.
Exemplo disso é a necessidade dos alunos compararem o seu resultado de um teste com os resultados dos colegas no mesmo teste.
É mais produtivo encorajar os alunos a analisar a sua própria evolução.
Ou usar tarefas, reforços e avaliações que promovam a aprendizagem, esforço, progresso e superação pessoal.
E não a comparação social ou com valores estandardizados.
Obviamente que qualquer professor que esteja lendo estas estratégias se deparará com o clássico e complexo problema da diferenciação pedagógica.
Seria fácil, se os processos de ensino aprendizagem não acontecesse no contexto de turmas com um número bastante elevado de alunos.
A solução para este problema encontra-se numa eficaz hierarquia de prioridades.
Com programas extensos a cumprir, motivar alunos, para além de corresponder a uma dimensão do currículo oculto, é muitas vezes uma tarefa que passa para segundo plano.
O que é legítimo em muitas situações.
No entanto, será também um critério legítimo para priorizar a estimulação da motivação de determinado aluno, quando este se encontra a evoluir para um quadro de desânimo.
Sem gasolina, o carro não anda nada.
Investir na motivação dos alunos é “ganhar tempo” e não “perder tempo”.
Motivar quando os alunos não conseguem perceber a relevância e aplicabilidade das aprendizagens
Quando a motivação diminui porque os alunos acham as tarefas e conteúdos irrelevantes e sem sentido ou não compreendem “onde vou usar isso na vida” é necessário utilizar estratégias pedagógicas que elevam o valor das tarefas e das aprendizagens escolares.
A definição de objetivos, por exemplo, tem reunido suporte empírico em como motiva e direciona os alunos.
Nestas situações, você pode:
Tanto quanto possível, é importante relacionar os conteúdos escolares com a vida diária dos alunos, permitindo a identificação pessoal destes com a escola.
Desta forma, aprender cumprirá uma função positiva para aos alunos.
Estratégias desta natureza implicam o conhecimento das características, interesses e expectativas dos alunos.
Bem como a utilização de outros materiais e tarefas para além das prescritas nos manuais escolares adotados, que algumas vezes estão bastante desfocados das realidades de alguns alunos.
Seguindo o item anterior, é importante partir de problemas reais para ensinar determinado conteúdo.
Trabalhar com problemas reais, ajuda a compreender a aplicação da teoria, estimula a autonomia do aluno em propor soluções.
E motiva o aluno no que se refere a construir o conhecimento.
O discurso na sala de aula deve obviamente focar na aprendizagem e compreensão da aula.
No entanto, deverá também ter em conta que muitos alunos não conseguem compreender a utilidade, relevância e aplicabilidade de determinados conteúdos, a não ser que o professor as explicite.
Dar muitos exemplos reais e concretos ao longo das aulas permite intencionalizar as aprendizagens.
O que desperta nos alunos um envolvimento mais elevado e continuado.
Além disso, de forma coerente e oportuna, é importante ir introduzindo e explicando a noção de que nem todas as aprendizagens necessitam de aplicabilidade e relevância.
O conhecimento por si só é relevante.
Uma vez que a aprendizagem permite o desenvolvimento de competências que capacita os alunos para outras aprendizagens.
A diminuição da passividade dos alunos em sala de aula é uma das estratégias que diminui a desmotivação destes.
Consequentemente, potenciar a autonomia e a proatividade dos alunos permite que estes se envolvam mais nas aulas.
Ter oportunidade de dar opinião, de decidir, de resolver problemas, de se co-responsabilizarem pelo ambiente de aprendizagem.
Inclusive trazendo problemas reais para resolver no âmbito de determinados conteúdos.
E apresentando resultados de pesquisas.
Todas estas formas de operacionalizar o envolvimento dos alunos, motiva.
Um objetivo é um constructo unificador da cognição, afeto e comportamento.
Sem objetivos o comportamento humano seria improdutivo.
São os objetivos que originam sistemas motivacionais.
E além disso, os objetivos estão inevitavelmente associados a como as pessoas percebem a si mesmos.
É frequente percebermos que os alunos não definem objetivos para si próprios.
Apenas cumprem objetivos definidos por outros.
É importante auxiliar que os alunos formulem objetivos pessoais.
Os objetivos mais eficazes são os caracterizados por serem “SMART”.
Specific (específicos), Measurable (mensuráveis), Attainable (atingíveis), Relevant (relevantes) e Timed (temporizáveis).
É neste paradigma que objetivos como “tem que melhorar as notas” ou “tem que estudar para ser alguém” são ineficazes.
E devem ser redirecionados para objetivos concretos como “quero subir 10% no próximo teste de geografia”.
Pode ser útil orientar os alunos para que se projetem no futuro.
É natural que os alunos se centrem única e exclusivamente no presente, tendo dificuldade em imaginar-se enquanto adultos ou profissionais.
Conduzir os alunos neste sentido poderá contribuir para que o aluno consiga compreender que alguma da funcionalidade e utilidade das aprendizagens presentes só se concretizará no futuro.
Por exemplo, aprender as figuras geométricas para reconhecer as diferenças nos sinais de trânsito quando tirar a habilitação.
Nesta linha, pode ser também útil e interessante envolver profissionais para darem exemplos ou darem o seu testemunho.
Uma comunicação frequente, transparente e construtiva, quer com os restantes elementos do conselho de turma, quer com os encarregados de educação tem também um impacto positivo na promoção da motivação dos alunos.
Esta abordagem sistêmica, considera os diferentes agentes educativos.
E permite que o aluno perceba a articulação entre todos.
O que aumenta o sentido de consistência da importância das aprendizagens escolares.
Além disso, esta articulação permite efetivamente conhecer melhor o aluno.
Otimizar estratégias educativas e contornar de forma eficaz e precoce obstáculos e dificuldades que surgem nos processos de ensino aprendizagem.
Como motivar quando a desmotivação é a ausência de desafio e interesse
A motivação é também suportada por dimensões associadas ao interesse, ao desafio e ao prazer de aprender.
Quando as tarefas são sucessivamente entendidas pelos alunos como maçadoras e aborrecidas, não estimulantes e repetitivas, é provável que a motivação decresça.
Assim, aumentar intencionalmente os níveis de interesse das tarefas é umas das vias para estimular a motivação dos alunos.
Para motivar os aluno você pode:
Desde a organização física à dinâmica da sala de aula, é importante usar estruturas de organização e gestão de sala de aula que encorajam a responsabilidade pessoal e social.
E que facultam um ambiente seguro, confortável e previsível.
Isso significa eliminar as distrações, tornar o ambiente físico acolhedor (condições de luz ou temperatura), ou criar um ambiente social respeitador, positivo e bem disposto podem ser estratégias necessárias.
Uma permanente câmara de filmar na sala de aula, que filma toda a dinâmica da sala, pode ser útil para operacionalizar a monitorização imparcial de um ambiente de aprendizagem motivador.
Já dissemos anteriormente a importância da relação pedagógica na motivação dos alunos.
Enfatizamos agora a personalização da relação pedagógica.
Quando os alunos percebem que são levados em consideração de forma única, sentem-se inevitavelmente mais
envolvidos na aula.
Por exemplo tratar o aluno pelo nome pelo qual prefere ser tratado, adaptar os exemplos conforme os alunos, quando possível ter em conta os interesses e preferências dos alunos.
Ser professor implica ser provocador.
Ensinar implica provocar.
Provocar curiosidade, interesse, desafio, vontade de saber.
Neste sentido, quer as estratégias pedagógicas utilizadas, quer a comunicação verbal e não verbal, quer os materiais, quer as perguntas formuladas na aula, quer até os inícios de aula, devem ser provocadores de predisposição antecipatória por parte do aluno para aprender.
Por meio de questões interessantes ou abordagens inesperadas.
Atividades diversificadas e diferentes são estimulantes para os alunos.
A utilização repetitiva das mesmas estratégias diminui a ativação gratificante do ato de aprender.
O professor deve então, questionar-se sobre a possibilidade de dinamizar algo diferente em algumas aulas.
Por exemplo recursos audiovisuais, softwares pedagógicos, dinâmicas de grupo.
A adoção de estratégias pedagógicas baseadas na aprendizagem colaborativa tem vindo a evidenciar-se bastante eficaz, uma vez que permite atingir objetivos acadêmicos e objetivos sociais.
De forma geral, os alunos sentem-se mais desafiados e envolvidos nas tarefas de sala de aula.
Mostrar interesse e entusiasmo pelos conteúdos é uma das formas mais eficazes de provocar o interesse e o entusiasmo nos alunos.
Tal como referido anteriormente, o professor assume o papel de modelo motivacional.
Desta forma, quando o próprio professor demonstra interesse, satisfação e envolvimento, os alunos são mais facilmente envolvidos e conectados com as aprendizagens.
Em contrapartida, se o professor evidencia frequentemente aborrecimento e tédio (que é muito facilmente detetado pelos alunos), os alunos reagirão de forma semelhante.
É importante esclarecer aos alunos deverão também interiorizar que nem todas as tarefas escolares são prazerosas e gratificantes.
Da mesma maneira, que em nenhuma dimensão da vida só fazemos o que é agradável.
Ás vezes é necessário focar e concretizar tarefas que mesmo não sendo estimulantes são necessárias, porque cumprem uma função nos processos de ensino aprendizagem.
Estas estratégias não resolvem todos os problemas de motivação dos alunos.
Além disso, não podemos esquecer que atualmente a maioria dos alunos são crianças e jovens que vivem num mundo facilmente motivador, uma vez que as novas tecnologias, as redes sociais ou a diversidade de estímulos permitem a gratificação imediata, a diversidade constante, o gozo sem esforço, o contato sem contato.
Este quadro contrasta com o quadro das aprendizagens escolares, que exigem esforço, persistência, treino, interação social.
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