A história da ciência pode ser utilizada como um dispositivo didático útil, contribuindo para tornar o ensino da ciência mais interessante e facilitar sua aprendizagem.
E pode ser aplicado tanto ao ensino da Biologia como ao ensino de outras disciplinas.
O que a história da ciência pode fazer pelo ensino?
A história da ciência mostra por meio de episódios históricos o processo gradativo e lento de construção do conhecimento.
Isso permite que se tenha uma visão mais concreta da natureza real da ciência, seus métodos, suas limitações.
O que possibilita a formação de um espírito crítico fazendo com que o conhecimento científico seja desmitificado sem, entretanto, ser destituído de valor.
Além disso, ajuda na compreensão de que a ciência muda no decorrer do tempo e que ela é feita por seres humanos, que cometem erros e que aperfeiçoam o conhecimento.
E que, apesar de cometerem erros, os cientistas não agem cegamente e costumam se basear em evidências.
Bem como também facilita a compreensão de que, a construção de conhecimentos aceitos hoje, resultam de vários episódios históricos de um processo lento de desenvolvimento de conceitos.
Isso pode facilitar o aprendizado do próprio conteúdo científico que estiver sendo trabalhado.
O educando perceberá que suas dúvidas são perfeitamente cabíveis em relação a conceitos que levaram tanto tempo para serem estabelecidos e que foram tão difíceis de atingir.
A história da ciência permite também que o aluno perceba que a aceitação ou não de um conceito depende também do contexto social, político, filosóficos e/ou religiosas.
O que se deve evitar quando se aplica a história da ciência ao ensino da ciência?
Nem sempre o uso de história da ciência no ensino é adequado.
Há muitas coisas que se deve evitar, pois podem atrapalhar, ao invés de auxiliar o ensino.
Fuja de biografias longas, repletas de datas, sem nenhuma referência à filosofia e às ideias científicas, ao contexto temporal, social e cultural daquilo que se está ensinando.
Evite também o posicionamento de mostrar apenas aquilo que “deu certo”, omitindo as dificuldades encontradas e as propostas alternativas.
Esse tipo de procedimento contribui para que o educando tenha uma visão tendenciosa a respeito do conteúdo científico que está sendo trabalhado.
Evite também não considerar ou mesmo desvalorizar a experiência do próprio aluno.
É interessante não só a considerar, como também trabalhar com ela, procurando mostrar que muitas vezes suas ideias são semelhantes às de alguma das etapas pelas quais passou a construção daquele conceito.
Então como usar a história da ciência?
Em outros países como a Inglaterra, por exemplo, a história da ciência faz parte do currículo nacional.
Aqui no Brasil, a história da ciência não é parte curricular o que torna ainda mais difícil seu uso.
Quem trabalha com história da ciência, é o historiador. E o ideal seria trabalhar junto com um para planejar uma aula com história da ciência.
Mas o que fazer quando não se tem um historiador para ser parceiro?
É importante que você possa ler as obras referentes ao conteúdo que se pretende ensinar.
As outras obras em língua original e obras secundárias que discutem o que foi a construção desse conteúdo.
Tenha sempre cuidado com as traduções, pois muitas vezes elas não são bem-feitas.
E tome cuidado na seleção dos conteúdos e dos textos.
Boa parte do sucesso da história da ciência está em trabalhar com uma versão dos fatos mais ampla.
Coloque critérios para cada conceito que você quer trabalhar para auxilia-lo a selecionar na história da ciência o que vai para a aula.
Por exemplo:
Uma saída pode ser utilizar textos de história da ciência elaborados por profissionais com o intuito de auxiliar o ensino dos conteúdos científicos.
Ou livros paradidáticos, filmes, documentários e peças teatrais também são úteis no ensino de conteúdos pela história da ciência.
Para saber mais recomendo esse livro, esse e esse.
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