Você já ouviu falar de Prática como Componente Curricular (PCC)?
Não sabe o que é ou como deve ser planejado?
Pois saiba que você não está sozinho!
É muito comum haver dificuldades de compreensão do que é a PCC.
O que dificulta sua operacionalização e organização nos currículos dos cursos de licenciaturas.
Para entender o que é, vamos começar por onde surgiu esse termo!
O termo Prática como Componente Curricular (PCC) foi utilizado pela primeira vez no Parecer CNE/CP 28/2001
Parecer esse que deu origem à Resolução CNE/CP 2/2002, a qual define a carga horária para os cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, em curso de licenciatura plena.
Os termos até então utilizados no Parecer CNE/CP 9/2001 e na Resolução CNE/CP 1/2002 eram somente prática.
E já nesses documentos se destacava que a prática na matriz curricular dos cursos de formação não pode ficar reduzida a um espaço isolado, como por exemplo no estágio, como algo fechado em si mesmo e desarticulado do restante do curso.
Nessa perspectiva, o planejamento dos cursos de formação deve prever situações didáticas em que os futuros professores coloquem em uso os conhecimentos que aprenderem, ao mesmo tempo em que possam mobilizar outros, de diferentes naturezas e oriundos de diferentes experiências, em diferentes tempos e espaços curriculares.
Você pode estar se perguntando, mas isso não acontece nas práticas de ensino e estágios obrigatórios?
A prática como componente curricular é mais abrangente que as práticas de ensino e estágios.
Isso porque contempla os dispositivos legais e vai além deles.
Assim, a prática como componente curricular é o conjunto de atividades formativas que proporcionam experiências de aplicação de conhecimentos ou de desenvolvimento de procedimentos próprios ao exercício da docência.
Dentre elas as práticas de ensino e estágios obrigatórios, mas não só.
A prática não deve ser restrita a esses dois momentos durante a graduação.
Devem também serem desenvolvidas como núcleo ou como parte de disciplinas ou de outras atividades formativas.
E por meio destas atividades, são colocados em uso, no âmbito do ensino, os conhecimentos, as competências e as habilidades adquiridos nas diversas atividades formativas que compõem o currículo do curso.
A Prática como Componente Curricular deve ser considerada como espaço potencial para construção de reflexões pedagógicas
E que abordem aspectos da profissionalidade docente, expandindo a preparação ligada à transposição didática para outras dimensões que associem a comunidade escolar, os órgãos que regulam os sistemas de ensino, os sindicatos de categoria, etc. (SILVERIO, 2017).
Assim, a PCC permite um espaço de ampliação e de fortalecimento das dimensões relativas à docência na formação inicial criando espaços e oportunidades envolvidos com a formação da identidade docente.
Mas, para tanto, é necessário haver compreensão e experiência dos docentes formadores nas diversas áreas acerca desse processo (SILVERIO, 2017)
Assim, a PCC pode ser entendida como:
Ou seja, a proposição da prática como componente curricular resulta da tentativa de solucionar o desafio de articular teoria e prática.
No entanto, deve estar presente desde o início do curso, permeando toda formação.
Ou seja, na essência, na matriz do curso que deverá orientar o processo de adequação/reestruturação curricular.
E desenvolvidas como núcleo ou como parte de disciplinas ou de outras atividades formativas.
Isto inclui as disciplinas de caráter prático relacionadas à formação pedagógica, mas não aquelas relacionadas aos fundamentos técnico-científicos correspondentes a uma determinada área do conhecimento.
Assim, partindo do pressuposto de que a PCC não é uma disciplina isolada do currículo, ela deve ser entendida como um eixo norteador da formação.
O qual contemple um elemento integrador da teoria e da prática ao longo do curso e potencialize ações de formação que evidenciem a característica multi-interdisciplinar do conhecimento.
Dessa forma, a PCC é uma prática que produz algo sobre o ensino que se realiza em espaços educativos.
E nesse sentido, visa a garantir uma sólida formação teórico-prática para os futuros professores.
Ou seja, proporcionam pensar para que, como e o que fazer nos espaços educativos com o aprendido.
A PCC será inserida no eixo transversal, devendo, portanto, ter carga horária própria.
Como dissemos anteriormente, ela não precisa, necessariamente, figurar como disciplinas convencionais (no sentido de aulas).
Pode ser organizada por um docente ou grupo de docentes que ministram disciplinas no curso durante um único semestre.
Alguns exemplos de aplicação prática são Wielewicki & Krahe (2017):
(1) disciplinas especificamente orientadas como espaço de análise estudo preparação problematização da PCC;
(2) incorporação parcial ou total de disciplinas existentes no currículo;
(3) destinação de uma parcela da carga horária de determinadas disciplinas do currículo para o desenvolvimento de atividades especificamente voltadas às práticas educativas; e
(4) equacionar as práticas educativas a partir de um componente curricular transversal.
continuo sem entender o que é o PCC
Olá Sandra,
Normalmente durante a graduação são as disciplinas práticas de ensino e estágio supervisionado, mas é todo espaço/oportunidade de reflexões pedagógicas e articulação de teoria e prática. A prática como componente curricular propícia ao aluno praticar/fazer a docência, exercitar o que aprende na teoria.
Práticas como Componente Curricular.
O problema são essas respostas, lindas, perfeitas, e bem construídas, mas que não explicam de verdade o que é o PCC.
Uma vez que nós, alunos, não estamos entendendo, a explicação precisa ser prática. Sua resposta professora Teresa, é teórica, e nós precisamos saber na prática, como realizar. Por exemplo, em minha instituição, o PCC apareceu pela primeira vez, vinculado à disciplina de Sociologia (sobre Max Weber), não entendi e não estou entendendo como fazer o PCC, o que tem a ver com sociologia etc, ou seja, dúvidas práticas.
Olá Danniel,
A Prática como Componente Curricular é toda oportunidade de praticar o que você aprendeu em teoria, são as práticas de ensino, as experiências que permitem colocar em prática as coisas que se aprende em sala. Estágio, projeto de extensão, oficina, minicurso, tudo isso são PCC.
Quanto a Max Weber, suponho que seja Sociologia da Educação, e neste caso, as teorias de Weber sobre educação, profissão e ação social reforçam a importância de práticas formativas no currículo, para que o profissional em formação não apenas tenha conhecimento técnico, mas que também saiba aplicar esse conhecimento de forma ética, responsável e eficaz.
Agora qual prática fazer especificamente para esta disciplina depende do que a sua instituição/professora quer/orientou/possibilita.