Construtivismo é uma palavra muito comum nos documentos educacionais, planos de ensino e na fala de professores.

Mas você compreende o que realmente significa?

Definir o construtivismo é uma tarefa complexa.

Em um sentido amplo, essa expressão tem sido aplicada em várias áreas do conhecimento e possui muitas interpretações.

Já no âmbito educacional brasileiro, o termo construtivismo é amplamente utilizado, e geralmente associado as ideias de Piaget.

Mas a palavra construtivismo não é “clássica” na obra de Piaget.

Inicialmente, esse termo se aplicava só à teoria de Emília Ferreiro.

Mas com o tempo, novas propostas pedagógicas inspiradas em sua teoria, como por exemplo a própria teoria de Piaget.

E até mesmo pedagogias anteriores, porém compatíveis, como a do educador soviético Lev Vygotsky (1896-1934), passaram a ser chamadas de construtivistas.

As bases teóricas foram estruturadas na primeira metade deste século, com Piaget e os psicólogos soviéticos, entre os quais Lev Vygotsky é o mais divulgado no Brasil.

Assim, as ideias construtivistas, independentemente de quem se utilize ou se tenha utilizado este termo, não são novas nem no campo da educação, nem em psicologia.

Então o construtivismo pode ser entendido como uma ideia que sustenta que o indivíduo.

Tanto nos aspectos cognitivos quanto sociais do comportamento, como nos afetivos (Carretero (1997); Becker (1992); Macedo (1996).

Portanto, não é um mero produto do ambiente nem um simples resultado de suas disposições internas.

Mas, sim, uma construção própria que vai se produzindo, dia a dia, como resultado da interação entre esses dois fatores.

Em consequência, segundo a posição construtivista, o conhecimento não é uma cópia da realidade, mas, uma construção do ser humano.

Construtivismo também pode ser compreendido como uma teoria, um modo de ser do conhecimento ou um movimento do pensamento que emerge do avanço das ciências e da Filosofia dos últimos séculos.

Uma teoria que nos permite interpretar o mundo em que vivemos.

O construtivismo não é uma prática ou um método.

Também não é uma técnica de ensino ou uma forma de aprendizagem.

Ou tampouco um projeto escolar.

Mas uma teoria que permite (re) interpretar todas essas coisas.

Construtivismo e sócio construtivismo são a mesma coisa?

construtivismo
Quase!

Isso porque o sócio construtivismo considera também a vertente sócio histórica no processo de construção do conhecimento.

E associa autores como Piaget, Vygotsky e Wallon e Matuí.

Essa junção de pensadores coloca o construtivismo como uma nova visão de mundo e da natureza humana.

E também como um sistema epistemológico que admite que o conhecimento não provém só dos objetos externos nem só do sujeito (da razão interna), mas da interação entre sujeito e o objeto.

Assim, a aplicação do sócio construtivismo à educação é uma práxis social das camadas progressistas que leva à transformação da sociedade.

O construtivismo, portanto, supõe uma visão de totalidade integradora, de movimento de mudança e transformação.

Equívocos sobre o construtivismo


Diante de tantas definições sobre o que é construtivismo, é natural que alguns equívocos aconteçam.

Mas é sempre bom saber do que está falando, portanto, atenção!

1. A construção não é aprendizagem.

O termo aprendizagem está muito comprometido com as teorias de reforço estimulo resposta (S-R).

Tem forte conotação empirista ” que não é o que eu queria dar-lhe”.

2. A construção também não é só ou predominantemente maturação

Porque construtivismo não é um processo puramente maturacional.

O fato de entender o construtivismo como maturação tem ensejado práticas espontaneístas no ensino.

3. Construtivismo não é sinônimo de ativo

Provocar simplesmente atividades não é construtivismo.

Dar receitas de atividades aos professores é simplesmente ficar na superficialidade.

4. Cuidado com o ‘inovador’

Visar criatividade ou ideias maravilhosas, quer seja em textos, desenhos ou em outros tipos de atividades, nem sempre é construtivismo.

O simples “fugir” da atividade tradicional não garante a construção do conhecimento.

5. No início é construção, depois não é mais.

Alguns professores consideram que algumas coisas iniciais se constroem, porém, depois parece que o resto se adiciona, como se tratasse de um momento construtivista inicial e, no que segue, o associacionismo volta a aparecer, de alguma maneira.

A construção do conhecimento é um processo contínuo.

E como o professor atua no construtivismo?

Dúvida
Em vez de dar a matéria, numa aula meramente expositiva, a professora organiza o trabalho didático-pedagógico de modo que o aluno seja o copiloto de sua própria aprendizagem.

A professora fica na posição de mediadora ou facilitadora desse processo.

Algumas habilidades necessárias á professores que tem sua prática embasada no construtivismo são:


  • Mentalidade aberta,
  • Atitude investigativa,
  • Desprendimento intelectual,
  • Senso crítico,
  • Sensibilidade às mudanças do mundo combinada com iniciativa para torná-las significativas aos olhos dos alunos e
  • Flexibilidade para aceitar a si mesma em processo de mudança contínua.

O professor construtivista precisa estar o tempo todo se renovando, para sustentar uma relação com os alunos que não se baseia na autoridade, mas na qualidade.

Um espaço construtivista depende de um equilíbrio entre professor e aluno.

Assim como a postura do professor não deve ser de um simples expositor do que sabe, sendo o aluno aquele que anota e decora, como também não deve ser aquela atitude em que o aluno é livre para fazer o que quer.

Ideias centrais dos Princípios pedagógicos construtivistas

1. Considerar as ideias do aluno.

Deve-se considerar os conhecimentos prévios dos alunos em relação aos novos conteúdos de aprendizagem e deve-se buscar e valorizar o ponto de vista do aluno.

2. Tornar o conteúdo significativo para o aluno.

Os conteúdos devem ser colocados de tal modo que sejam significativos e funcionais para os alunos já que construímos significado organizando experiências de forma representacional.

3. Respeitar e conhecer o nível de desenvolvimento do aluno

O professor deve inferir o que é adequado para o nível de desenvolvimento dos alunos e adaptar currículos para atingir as hipóteses dos alunos.

Deve explorar como os estudantes veem os problemas e que caminhos fazem até chegar à solução, permitindo que os alunos levantem suas hipóteses e modelos e os testem para ver se são viáveis.

4. Desencadear o conflito cognitivo e/ou a resolução de problemas

As atividades devem visar provocar um conflito cognitivo necessário ao estabelecimento de relações entre os novos conteúdos e os conhecimentos prévios.

Os professores devem propor problemas a serem resolvidos pelos alunos e com isso a sala de aula deve ser considerada uma comunidade, onde professor e alunos devem defender, provar, explicar e comunicar ideias uns aos outros.

O construtivismo supõe o conflito cognitivo e a resolução de problemas.

5. Valorizar atividades

Atividades que favoreçam a construção de conhecimentos próprios do aluno e a disponibilidade para aprender a aprender.

As atividades devem ajudar a fazer com que o aluno vá adquirindo destrezas relacionadas com aprender a aprender e que lhes permitam ser cada vez mais autônomo em suas aprendizagens.

Deve-se ensinar o estudante a encontrar seu próprio caminho, o que o tornará capaz de ter uma atitude científica e construir seu próprio modelo de experiência individual no mundo.

E isso não se faz memorizando fatos mas oferecendo oportunidade para que os alunos investiguem possibilidades e esclareçam “erros” através da observação de contradições.

6. Não dispensar conhecimentos, apresentando-os prontos (formalizados)

A aprendizagem é uma atividade construtiva que os próprios alunos têm que realizar e, assim, a tarefa do educador não é a de dispensar o conhecimento, mas proporcionar oportunidades e incentivos para construí-lo.

7. Estruturar o conhecimento em torno de conceitos e grandes ideias

Deve-se estruturar a aprendizagem em torno de conceitos primários, os quais os significados criados são generalizados em “grandes ideias ou princípios” pelos alunos.

Para quem quiser ler mais sobre o assunto indico além dos livros já referenciados, esse livro.