Quem nunca teve um professor que “tinha uma boa didática” ou explicava muito bem toda a matéria?
E em contra partida quem nunca teve aquele professor que parecia falar grego?
O que afinal fazem os professores que tem uma boa didática?
A didática é uma disciplina que estuda o processo de ensino.
No qual os objetivos, os conteúdos, os métodos e as formas de organização da aula se combinam entre si.
De modo a criar as condições e os modos de garantir aos alunos uma aprendizagem significativa.
A didática ajuda o professor na direção e orientação das tarefas do ensino e da aprendizagem, fornecendo-lhe mais segurança profissional.
E apenas isso é o bastante para que a prática seja boa?
Não se considerarmos que não existe um aluno em geral ou padrão.
Em nossa sala temos um aluno vivendo em uma sociedade determinada, que faz parte de diferentes grupos sociais e culturais.
E o que a heterogeneidade da nossa sala de aula tem haver com ter uma boa didática?
Tudo, já que essas circunstâncias interferem na sua capacidade de aprender, nos seus valores e atitudes, na sua linguagem e suas motivações.
E nós, enquanto professores, precisamos considerar a subjetividade e a experiência sociocultural concreta dos alunos para orientarmos a aprendizagem.
Um professor que aspira ter uma boa didática necessita aprender a cada dia como lidar com a subjetividade dos alunos, sua linguagem, suas percepções, sua prática de vida.
Sem essa disposição, será incapaz de colocar problemas, desafios, perguntas, relacionados com os conteúdos, condição para se conseguir uma aprendizagem significativa.
Conclui-se, daí, que a um professor não basta dominar o conteúdo, é preciso que saiba mais três coisas:
Ou seja, a epistemologia da ciência que ensina.
Isso porque o modo de lidar pedagogicamente com algo, depende do modo de lidar epistemologicamente com algo.
Trata-se, portanto, de unir no ensino a lógica do processo de investigação com os produtos da investigação.
Ou seja, o acesso aos conteúdos, a aquisição de conceitos científicos, precisa percorrer o processo de investigação, os modos de pensar e investigar da ciência ensinada.
E, especialmente, das ações mentais ligadas a esses conteúdos.
Essa forma de entender a atividade de ensino das disciplinas específicas requer do professor não apenas o domínio do conteúdo mas, também, dos procedimentos investigativos da matéria que está ensinando e das formas de pensamento.
E isso requer habilidades de pensamento que propiciem uma reflexão sobre a metodologia investigativa do conteúdo que se está aprendendo.
Ensinar, portanto, é adquirir meios do pensar, por meio dos conteúdos.
De modo a saber ligar os conteúdos com esses motivos.
Uma boa didática passa pela aquisição de um método teórico geral visando à resolução de uma série de problemas concretos e práticos.
E concentra-se naquilo que eles têm em comum e não na resolução específica de um entre eles.
Propor um problema de aprendizagem a um escolar é confrontá-lo com uma situação cuja solução, em todas as suas variantes concretas, pede uma aplicação do método teórico geral.
Podemos definir o processo de resolução de um problema como o da aquisição das formas de ação características dos conteúdos teóricos.
Nesses termos, o que o professor que tem uma boa didática faz é:
Para chegar à consecução desses objetivos, o professor precisa saber como trabalhar a matéria no sentido da formação e operação com conceitos.
Para isso, no trabalho com os conteúdos, podem ser seguidos três momentos:
Ou seja, uma relação mais geral, um conceito nuclear, do qual se parte para ser aplicado a manifestações particulares desse conteúdo.
E também da colocação problemas ou casos, tarefas que possibilitem deduções do geral para o particular.
Ou seja, aplicação do princípio geral (relação geral, conceito nuclear) a problemas particulares.
Aqueles ligados à matéria que têm caráter generalizante.
Ao captar a essência, isto é, o princípio interno explicativo do objeto e suas relações internas, o aluno se apropria dos métodos e estratégias cognitivas dos modos de atividades anteriores desenvolvidas pelos cientistas.
O aluno reproduz em sua mente o percurso investigativo de apreensão teórica do objeto realizado pela prática científica e social.
Todos esses momentos devem estar conectados com os motivos e objetivos subjetivos do aluno, ampliados com as necessidades sociais de estudar e aprender interpostos pelo professor, na sua condição de educador.
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