A maneira como o professor encara o processo pedagógico está, muitas vezes, diretamente relacionada à sua formação acadêmica ou cultural.

O que também pode fazer a relação com seus alunos ocorrer de forma unilateral – o professor fala e o aluno escuta.

Ou de forma multilateral – professor e alunos se comunicam, refletem, discutem, formulam e reformulam convicções, conceitos, conhecimentos.

Há algumas tendências pedagógicas que norteiam a prática do professor.

Mas é importante ressaltar que o professor não deve, necessariamente, ficar preso a uma delas.

Deve buscar o que há de melhor em cada uma e usar com intuito de auxiliar na eficiência de sua prática.

Já que as tendências pedagógicas são teorias norteadoras, e não receitas prontas.

E são genericamente classificadas em: tradicional, tecnicista, libertadora e crítico-social.

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Tradicional

É um modelo educacional fortemente marcado pelo método cartesiano.

Isto é, parte da ideia de que o aluno é uma tabula rasa, sem informações.

E que cabe ao professor a função de a ele transmitir tais informações.

Os fundamentos básicos desse paradigma educacional são:

Os conteúdos

Não existe a preocupação com a compreensão dos conteúdos vistos.

Assim, a memorização é a principal meta da prática pedagógica.

Por isso, a avaliação é um instrumento que serve para mensurar o que o aluno conseguiu memorizar.

Ou seja, o professor toma a lição, e cabe ao aluno responder exatamente aquilo que foi transmitido em sala de aula.

Os conteúdos estão vinculados à transmissão da cultura acumulada.

A sala de aula

É vista como o único espaço possível de aprendizado.

Pois as experiências exteriores a ela são pouco valorizadas.

Já que o professor é autoridade em sala de aula, e é detentor do saber.

Por isso a relação é verticalizada.

Dessa forma, o professor fala, e o aluno ouve.

A aula expositiva é a principal metodologia.

E cabe ao aluno se adaptar à metodologia do professor.

É o que Freire chama de educação bancária.

Pois o professor, neste caso, “deposita” os conteúdos na “cabeça” dos alunos.

Avaliação

É utilizada com o objetivo de revelar se o aluno conseguiu reter o conteúdo repassado pelo professor.

Geralmente, a prova é o instrumento de avaliação mais utilizado.

O aluno não é avaliado no processo, somente no momento das provas.

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Tecnicista

Surgiu com o objetivo de atender às necessidades oriundas do processo de industrialização do mundo.

Por isso sua origem remonta à Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra do final do século XIX.

Portanto, o tecnicismo faz parte dos bancos escolares há mais de 200 anos.

Os fundamentos básicos desse paradigma educacional são:

Os conteúdos

As informações são ordenadas numa sequência lógica de conteúdos.

E consequentemente, a preocupação é, basicamente, a transmissão de conteúdos que habilitem os alunos a atenderem às necessidades do mercado de trabalho.

A sala de aula

É organizada de forma racional.

Assim, os alunos são dispostos de maneira que o professor possa atingir todos.

Já que a relação professor/aluno é objetiva, cabendo ao professor transmitir as informações e, ao aluno, fixá-las.

A avaliação

Tem por objetivo avaliar o desempenho do aluno.

Dessa forma, os livros didáticos e as palavras transmitidas pelo professor são as únicas fontes de informações exigidas e disponíveis aos alunos.

Em geral, não existe preocupação em diversificar as fontes de informação e, consequentemente, a construção de novos conhecimentos.

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Libertadora

Não aparece com frequência nas práticas de ensino.

Seu foco principal é levar professores e alunos a atingir um nível de consciência da realidade em que vivem na busca da transformação social.

Paulo Freire foi o principal difusor desta tendência, que possui os seguintes fundamentos básicos:

Os conteúdos

Não resultam de um projeto de ensino elaborado pelo professor ou pelo coletivo da escola.

Mas da realidade do cotidiano dos educandos.

A sala de aula

Segue o princípio da criticidade, sendo o foco central o questionamento da realidade.

Ou seja, a maneira como o homem se relaciona com os outros homens e com seu meio ambiente.

Já na relação professor/aluno, predomina o diálogo, a liberdade de expressão.

E por isso, a  relação é de igual para igual.

E os grupos de discussão são muito presentes.

A avaliação

Geralmente se baseia na auto avaliação.

Com isso, cabe aos professores respeitarem os diversos ritmos de desenvolvimento dos alunos.

Já que para a tendência libertadora, o mundo é dinâmico.

Nesse sentido, existe uma preocupação que vai além da compreensão deste mundo, pois o método busca transformá-lo.

Considera todo o processo de ensino aprendizagem.

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Crítico-social

Esta tendência apresenta algumas mudanças em relação às anteriormente citadas.

Nela, o aluno passa a ser o centro de um processo de ensino que não mais privilegia os conteúdos e a disciplina rígida.

A tendência crítico-social chegou ao Brasil no início da década de 1970, sendo contemporânea ao modelo tecnicista.

E seus principais fundamentos são:

Os conteúdos

São baseados nos aspectos culturais presentes na realidade escolar .

E visam articulá-los com os movimentos concretos de transformação da sociedade.

Logo, o mundo externo está presente nos conteúdos e nos debates de sala de aula.

A sala de aula

Tem como base um método que parte da experiência do aluno e a confronta com a realidade.

Por isso, o aluno aparece como participador, e o professor, como mediador entre o saber e o aluno.

A avaliação

Não apresenta o objetivo de mensurar o conhecimento do aluno.

Ao contrário, não existem notas, exames nem castigos.

Assim, a aprendizagem é centrada nas capacidades cognitivas já estruturadas nos alunos.

É interessante observar que, de acordo com esta tendência, o mundo não é estático, mas dinâmico,

Dessa forma, está em constante transformação, em reconstrução, sendo necessário compreendê-lo.