O transtorno do déficit de atenção e/ou hiperatividade (TDAH) é caracterizado por sintomas como desatenção, hiperatividade e impulsividade.

Quais as causas do TDAH?

Apesar do grande número de estudos já realizados, as causas precisas do TDAH ainda não são conhecidas.

Entretanto, a influência de fatores genéticos e ambientais no seu desenvolvimento é amplamente aceita.

A contribuição genética é substancial.

Assim como ocorre na maioria dos transtornos psiquiátricos, acredita-se que vá- rios genes de pequeno efeito sejam responsáveis por uma vulnerabilidade (ou suscetibilidade) genética ao transtorno, à qual somam-se diferentes agentes ambientais.

Isso significa que o surgimento e a evolução do TDAH em um indivíduo parece depender de quais genes de suscetibilidade estão agindo, de quanto cada um deles contribui para a doença (ou seja, qual o tamanho do efeito de cada um) e da interação desses genes entre si e com o ambiente.

Como identificar o TDAH nos alunos

O diagnóstico do TDAH sempre levar em conta o contexto em que os sintomas aparecem.

Algumas pistas que indicam a presença do transtorno são:

a) Duração dos sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade

Normalmente, pessoas com TDAH apresentam uma história de vida desde a idade pré-escolar com a presença de sintomas, ou, pelo menos, um período de vários meses de sintomatologia intensa.

b) Frequência e intensidade dos sintomas

Para o diagnóstico de TDAH, é fundamental que pelo menos seis dos sintomas de desatenção e/ou seis dos sintomas de hiperatividade/impulsividade estejam presentes frequentemente (cada um dos sintomas) na vida do aluno.

c) Persistência dos sintomas em vários locais e ao longo do tempo

Os sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/ impulsividade precisam ocorrer em vários ambientes (por exemplo, escola e casa) e manter-se constantes ao longo do período avaliado.

Sintomas que ocorrem apenas em casa ou somente na escola devem alertar o clínico para a possibilidade de que a desatenção, hiperatividade ou impulsividade possam ser apenas sintomas de uma situação familiar caótica ou de um sistema de ensino inadequado.

Da mesma forma, flutuações nos sintomas com períodos assintomáticos não são características do TDAH.

d) Prejuízo clinicamente significativo na vida da criança

Sintomas de hiperatividade ou impulsividade sem prejuízo na vida da criança podem traduzir muito mais estilos de funcionamento ou temperamento do que um transtorno psiquiátrico.

e) Entendimento do significado do sintoma

Para o diagnóstico de TDAH, é necessária uma avaliação cuidadosa de cada sintoma, e não somente a listagem de sintomas.

Por exemplo, o aluno pode ter dificuldade de seguir instruções por um comportamento de oposição e desafio aos pais e professores.

Isso caracteriza um sintoma de transtorno opositor desafiante, mas não é TDAH.

É fundamental verificar se a criança não segue as instruções por não conseguir manter a atenção durante a explicação das mesmas.

Em outras palavras, é necessário verificar se o sintoma supostamente presente correlaciona-se com o déficit de atenção e/ou dificuldade de controle inibitório.

A apresentação clínica pode variar de acordo com o estágio do desenvolvimento.

Sintomas relacionados à hiperatividade/impulsividade são mais frequentes do que sintomas de desatenção em pré-escolares com TDAH.

Como uma atividade mais intensa é característica de pré-escolares, o diagnóstico de TDAH deve ser feito com muita cautela antes dos 6 anos de vida.

É por isso, entre outras razões, que o conhecimento do desenvolvimento normal de crianças é fundamental para a avaliação de psicopatologia em cada faixa etária.

A literatura indica que os sintomas de hiperatividade diminuem na adolescência, restando, de forma mais acentuada, os sintomas de desatenção e de impulsividade

Tipos de TDAH

O TDAH pode ser dividido três tipos

a) TDAH com predomínio de sintomas de desatenção

O tipo com predomínio de sintomas de desatenção é mais frequente no sexo feminino e parece apresentar, conjuntamente com o tipo combinado, uma taxa mais elevada de prejuízo acadêmico.

b) TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade

As crianças com TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade são, por outro lado, mais agressivas e impulsivas do que aquelas com que os outros dois tipos e tendem a apresentar altas taxas de impopularidade e de rejeição pelos colegas.

c) TDAH combinado

O tipo combinado apresenta um maior prejuízo no funcionamento global quando comparado aos dois outros grupos
Fases de TDAH

Lactente – Bebê difícil, insaciável, irritado, de difícil consolo, maior prevalência de cólicas, dificuldades de alimentação e sono.

Pré-escolar – Atividade aumentada ao usual, dificuldades de ajustamento, teimoso, irritado e extremamente difícil de satisfazer.

Escola elementar – Incapacidade de colocar foco, distração, impulsivo, desempenho inconsistente, presença ou não de hiperatividade.

Adolescência – Inquieto, desempenho inconsistente, sem conseguir colocar foco, dificuldades de memória na escola, abuso de substância, acidentes.

Que critérios posso usar para identificar os sintomas?

TDAH

A.  Um dos critérios é observar os pontos contidos a seguir (1) ou (2).

(1) Seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistiram por pelo menos 6 meses, em grau mal adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento:

Desatenção

a) frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras

b) com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades lúdicas

c) com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra

d) com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de oposição ou incapacidade de compreender instruções)

e) com frequência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades

f) com frequência evita, antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa)

g) com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por exemplo, brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais)

h) é facilmente distraído por estímulos alheios às tarefas

i) com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias

(2) seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade persistiram por pelo menos 6 meses, em grau mal adaptativo e inconsistente com o nível de desenvolvimento.

Hiperatividade

a) frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira

b) frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado

c) frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isso é inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas de inquietação)

d) com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer

e) está frequentemente a mil ou muitas vezes age como se estivesse a todo vapor

f) frequentemente fala em demasia

Impulsividade

g) frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas

h) com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez

i) frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por exemplo, intromete-se em conversas ou brincadeiras)

Além dos sintomas destacados acima, há ainda esses critérios para serem observados:

B. Alguns sintomas de hiperatividade/impulsividade ou desatenção que causaram prejuízo estavam presentes antes dos 7 anos de idade.

C. Algum prejuízo causado pelos sintomas está presente em dois ou mais contextos (por exemplo, na escola [ou trabalho] e em casa).

D. Deve haver claras evidências de prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.

E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de um transtorno invasivo do desenvolvimento, esquizofrenia ou outro transtorno psicótico e não são melhor explicados por outro transtorno mental (por exemplo, transtorno do humor, transtorno de ansiedade, transtorno dissociativo ou um transtorno da personalidade).