As atividades investigativas estão em alta quando falamos de construtivismo.
Mas como conduzir esse tipo de atividade?
Estamos reproduzindo o que os cientistas fazem?
É muito comum essa confusão das atividades investigativas com o método científico.
Então é importante esclarecer que a intenção em uma atividade investigativa não é formar “mini-cientistas”.
Mas desenvolver habilidades e competências cognitivas importantes para a formação científica do aluno.
Já que o uso de atividades investigativas na sala de aula permite aos alunos a aprendizagem de conhecimento científico.
Além de promover o desenvolvimento de competências, proporciona também oportunidades para refletirem sobre o trabalho desenvolvido.
O ensino por investigação não tem uma única forma de ser desenvolvido, mesmo quando se trata da resolução de problemas.
E justamente por isso, a ideia aqui é apresentar algumas possibilidades de trabalho com as atividades investigativas.
1) Desenvolvendo atividades investigativas com alunos autônomos
Carlson, Humphrey & Reinhardt (2003) propõem um modelo com quatro fases.
Na fase inicial, os alunos descrevem o problema que querem resolver.
Seguidamente, passam para a fase do explorar, descobrir e criar.
Aqui os alunos exploram a questão, os materiais e as suas ideias sobre o fenômeno científico.
Os alunos então vão planear a resolução do problema, investigar os materiais que necessitam, recolher e organizar os dados, experimentar e preparar experiências futuras.
Quando os alunos propõem uma explicação e uma solução, estão a construir um novo conhecimento baseado nas suas observações, nas suas recolhas de dados e conclusões.
Mas esta construção ocorre individualmente, sendo muito importante o diálogo com os colegas e com o professor.
Nesta fase, podem surgir novas questões sobre as descobertas a que se chegaram, sendo necessário dar aos alunos tempo para rever as suas ideias.
Na última fase, os alunos refletem sobre o seu conhecimento e pensam em investigações futuras, formulando novas questões.
Este ciclo descreve um processo dinâmico que reflete a forma como a ciência é feita.
Tal como os cientistas, os alunos não têm, necessariamente, que passar de fase em fase.
E em cada fase do ciclo, o professor pode utilizar a avaliação formativa, a partir da observação dos alunos e da recolha de informações .
2) Investigação e comunicação
Magnusson, Palincsar e Templin (2006) propõe um modelo de cinco fases.
As palavras em maiúsculas representam as fases para conduzir as atividades de investigação.
Os autores assumem que cada ciclo começa com o motivar, o que normalmente envolve uma questão.
E a partir daí vai-se para o investigar e para a comunicação.
A fase do comunicar é essencial por duas razões:
Em primeiro lugar, porque importa que os alunos compreendam a responsabilidade dos cientistas em publicar os resultados e como são influenciados pelo contexto cultural.
Em segundo, têm oportunidade de perceberem a importância de uma comunidade científica.
Neste caso representada pela turma, onde podem discutir as evidências recolhidas.
3) Os alunos propõem os procedimentos de investigação
O National Science Teacher Association (NSTA, 2002) propõe um modelo no qual os alunos começam por definir o problema e propor hipóteses para a sua resolução.
Após definido o problema, planejam o procedimento, explicando ao professor as suas ideias.
É importante destacar que a função do professor neste modelo é o de questionar os alunos para que estes pensem a respeito do que propuseram e compreendam as suas aprendizagens.
E só então, após esta etapa, os alunos selecionam o material adequado e testam a atividade.
Posteriormente, analisam os resultados e verificam se conseguiram responder ao problema.
E caso isto não tenha acontecido, é conveniente reformular as hipóteses e voltar a testá-las.
Durante todo este processo, o professor recolhe informações para avaliar os alunos e a própria atividade, podendo para isso utilizar uma escala de graduação.
Deste modo, o professor dá um feedback constante aos alunos sobre as suas aprendizagens.
O que permite que os alunos melhorem durante o desenvolvimento das atividades de investigação.
Salienta-se a necessidade de favorecer a avaliação formativa, isto é, promover a avaliação como aprendizagem.
4) Cadeia de resolução de problemas
Um outro modelo muito utilizado é o problem solving chain (cadeia de resolução de problemas), proposto pela Assessment of Performance Unit – APU e constituído pelas seguintes fases:
O reconhecimento do problema é a fase de reflexão, onde os alunos interpretam e compreendem o problema com que são confrontados.
Nesta confrontação, os alunos exploram as suas próprias ideias.
Nas transformações do problema formulam-se hipóteses que possam ser testadas e, posteriormente, desenvolvidas.
Na planificação e desenho da experimentação os alunos têm que ser capazes de selecionar os materiais necessários para a execução experimental.
Assim como de delinear um procedimento para testarem as suas hipóteses.
Na execução prática da experimentação os alunos procedem à execução do procedimento experimental, ao registo dos dados e observações.
E passam à sua interpretação e registo das conclusões.
Já a fase de avaliação ocorre durante os vários momentos do percurso investigativo.
5) A investigação como um ciclo
Um outro modelo foi definido por Wellington (2000).
O qual as três fases os alunos podem aplicar e usar num grande número de situações distintas.
Na primeira fase, os alunos colocam questões, elaboram um plano, fazem previsões e colocam hipóteses.
Na segunda, observam, medem e manipulam variáveis.
Na terceira fase, analisam e interpretam os resultados e avaliam evidências científicas.
O processo de interpretar e avaliar os resultados não é a última fase, podendo-se voltar a colocar novas questões, rever o plano e fazer novas previsões.
6) Modelo dos Cinco E’s
O modelo dos cinco E’s (Bybee, 1996) baseia-se na visão construtivista definida pelo Biological Science Curriculum Study (BSCS).
O ciclo geralmente inicia-se com a fase Envolver (Engage).
Isto é, com a tentativa de motivar os alunos para o estudo de um determinado tópico.
Nesta fase, pretende-se que estes fiquem interessados e curiosos em relação ao tópico em estudo.
Para isso, apresenta-se uma situação problemática, por exemplo, através de uma atividade de investigação.
A partir dela, estimula-se o pensamento dos alunos (fomenta-se o questionamento, a identificação e definição do problema).
E procura-se que estes estabeleçam relações entre a nova experiência de aprendizagem e outras realizadas previamente.
Durante a fase Explorar (Explore), é dada a oportunidade aos alunos de trabalharem em grupo sem que haja uma instrução direta do professor.
Para que assim, ocorra a interação entre pares e seja promovido o conflito sócio-cognitivo.
Os alunos questionam, fazem previsões, colocam hipóteses, planificam um modo de as testar, testam, registam as observações, e discutem com os pares os resultados obtidos.
Além disso, comparam várias alternativas possíveis e organizam a informação recolhida.
Na fase Explicar (Explain), pretende-se que haja uma articulação entre as observações, ideias, questões e hipóteses.
É importante estimular os alunos a explicarem, por palavras próprias, os conceitos que emergiram da experiência de aprendizagem.
Bem como utilizar os resultados (observações e medições) para fundamentar as suas explicações, a ouvir criticamente as explicações dos colegas e do professor.
Na fase Elaborar (Elabore), os alunos estabelecem relações com outros conceitos e aplicam os conceitos e capacidades numa situação nova.
É importante estimular a argumentação sustentada nos dados e evidências já conhecidos.
Na fase Avaliar (Evaluate), os alunos refletem sobre o trabalho que desenvolveram.
Cara colega,
Estou fazendo o mestrado profissional na Unicamp com ênfase no Ensino de Biologia, e gostei do artigo que escreveu.
Vou citar no TCM as estratégias que constam no mesmo e usar uma delas para realizar as pesquisas com plantas medicinais que foi fazer com alunos do segundo colegial, que é o foco da minha tese.
Obrigado.
Sérgio
Olá Sérgio,
Que bacana! Compartilhe seus resultados depois 😀
Adorei seu blog. Sou mestranda em ensino de biologia e pretendo desenvolver atividades investigativas com os alunos a fim de resgatar a curiosidade e a motivação parta aprender, Obrigada pelas dicas.
Qual o referencial bibliográfico para que possa pesquisar?
Olá Valdir,
São estes que estão indicados com links ao longo do texto.
parabéns pelo Artigo. Gostaria de cita-lo em meu trabalho. como eu faço?
Olá Valéria,
Se você estiver utilizando a ABNT nas referências é NUNES, Teresa da Silva. 6 formas de desenvolver atividades investigativas em sala de aula. Ponto Didática, 2020. Disponível em: (insira o URL do post). Acesso em: (insira dia, mês e ano).
Parabens pela publicacao!! Otimo conteudo!
Parabéns! Belíssimo trabalho.
Bom dia Teresa, o link para o referencial de Bybee, 1997 não está mais disponível. Também não encontrei na internet. Você conseguiria me enviar?
Olá Gabrielly,
Já corrigi o link! 😊
BOA TARDE, TEREZA. COMO POSSO FAZER CITAÇÃO NA INHA TESE DE DOUTORADO. NÃO HA NÚMERO DE PÁGINAS.
Olá Sandraléa,
Citação deste post? Se for > NUNES, Teresa da Silva. 6 formas de desenvolver atividades investigativas em sala de aula. Ponto Biologia, 09 de maio de 2018. Disponível em: <https://pontodidatica.com.br/desenvolver-atividades-investigativas/>. Acesso em: dia, mês e ano que você acessou.
Já as referências utilizadas no post estão ao longo do texto.