Certamente você já ouviu falar sobre interdisciplinaridade e transversalidade.
Presente os PCNs, em documentos educacionais e frequentemente relacionado a boas práticas de ensino.
Mas sobre o que estamos falando quando falamos de interdisciplinaridade e transversalidade?
Podemos começar dizendo que a interdisciplinaridade e a transversalidade são modos de se trabalhar o conhecimento que buscam uma reintegração de aspectos que ficaram isolados pelo tratamento disciplinar.
Com isso, busca-se conseguir uma visão mais ampla e adequada da realidade.
Ou seja, que supere a fragmentação dos conceitos trabalhados.
E que vá além das disciplinas formais, tratando os conceitos de maneira integrada.
Interdisciplinaridade e transversalidade são a mesma coisa?
Embora elas andem juntas, não são a mesma coisa!
Então qual a diferença?
Vamos começar pela interdisciplinaridade.
O prefixo ‘inter’ tem o significado de ‘troca’, ‘reciprocidade’.
E ‘disciplina’, de ‘ensino’, ‘instrução’, ‘ciência’.
Logo, a interdisciplinaridade pode ser compreendida como sendo a troca entre áreas do conhecimento.
A interdisciplinaridade pretende garantir a construção de conhecimentos que rompam as fronteiras entre as disciplinas.
Ou seja, como esse conhecimento se conecta com aquele?
Busca também envolvimento, compromisso, reciprocidade diante dos conhecimentos.
Ou seja, atitudes e condutas interdisciplinares.
Já a transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa, uma relação entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados (aprender sobre a realidade) e as questões da vida real e de sua transformação (aprender a realidade da realidade).
Ou seja, a transversalidade diz respeito a temas que “atravessam”, que perpassam os diferentes campos do conhecimento.
São temáticas ético-político-sociais, atreladas à melhoria da sociedade e da humanidade.
Então qual é a diferença entre interdisciplinaridade e transversalidade?
Apesar de ambas rejeitarem a concepção de conhecimento que toma a realidade como um conjunto de dados estáveis, acabados ou fechados, a interdisciplinaridade se refere à abordagem epistemológica dos objetos de conhecimento e a transversalidade à dimensão didática.
Ou seja, a interdisciplinaridade questiona a visão compartimentada da realidade sobre a qual a escola se constituiu.
Trabalha fazendo conexões entre os conhecimentos das diferentes disciplinas.
Já a transversalidade diz respeito à possibilidade de se estabelecer, na prática educativa, uma compreensão abrangente dos diferentes objetos de conhecimento.
São os assuntos que permeiam o conteúdo disciplinar, possibilitando a referência a sistemas construídos na realidade dos alunos.
E o que são os famosos temas transversais?
Os temas transversais são um conjunto de conteúdos educativos e eixos condutores da atividade escolar que, não estão ligados a nenhuma matéria particular.
E justamente por isso são temas pertinentes a todas as disciplinas.
Tratam de processos que estão sendo intensamente vividos pela sociedade, pelas comunidades, pelas famílias, pelos alunos e educadores em seu cotidiano.
Estes temas envolvem um aprender sobre a realidade, na realidade e da realidade.
E destinam-se também a um intervir na realidade para transformá-la.
Outra de suas características é que abrem espaço para saberes extra-escolares.
São amplos o bastante para traduzir preocupações de todo o país, são questões em debate na sociedade atual.
Ou seja, pretende-se que esses temas integrem as disciplinas tradicionais de forma a estarem presentes em todas elas.
E que também relacione as questões da atualidade e que sejam orientadores também do convívio escolar.
As disciplinas que estamos chamando de tradicionais do currículo (como a Matemática, as Ciências e a Língua) devem ter seus conteúdos impregnados com os temas transversais (cotidianos, de cidadania e políticos).
O que exige um trabalho sistemático, contínuo, abrangente e integrado no decorrer de toda a educação.
Como a interdisciplinaridade e transversalidade funcionam na prática?
Como os temas transversais não constituem uma disciplina específica, seus objetivos e conteúdos devem estar inseridos em diferentes momentos de cada uma das disciplinas.
Vão sendo trabalhados em uma e em outra, de diferentes modos.
É importante lembrar que a interdisciplinaridade e a transversalidade alimentam-se mutuamente.
Já que para trabalhar transversalmente não se pode ter uma perspectiva disciplinar rígida.
Um modo particularmente eficiente de se elaborar programas de ensino é fazer dos temas transversais um eixo unificador, em torno do qual organizam se as disciplinas.
Todas se voltam para eles como para um centro, estruturando os seus próprios conteúdos sob o prisma dos temas transversais.
As disciplinas passam, então, a girar sobre esse eixo.
É preciso que a escola trabalhe em conjunto para que a interdisciplinaridade possa acontecer.
Deve estar presente no projeto político pedagógico.
Trabalhar de maneira interdisciplinar conecta os interesses da sua disciplina com as demais disciplinas.
Para que o trabalho interdisciplinar possa ser desenvolvido pelos professores, há que se desenvolver uma metodologia de trabalho interdisciplinar que implica:
Por exemplo, não faz sentido que um professor de História ou de Biologia, de repente interrompa o seu assunto para dizer: agora vamos tratar de ética.
Mas tenha sempre a preocupação de abordar os aspectos éticos envolvidos ao dar uma aula sobre problemas ambientais ou sobre biotecnologia ou ainda em análises históricas.
Muito obrigado pelo texto! Maravilhoso! Ajudou-me a entender, por incrível que possa parecer, por que a doutrina especializada (literatura jurídica) costuma referir-se ao Direito Ambiental como uma disciplina “transversal ou horizontal”.
Também é bastante comum chamarem o Direito Ambiental de interdisciplinar, mas, ora parece que tomam a interdisciplinaridade como sinônimo de transversalidade ou horizontalidade, ora, não. Mas este seu texto me ajudou bastante a entender o que vem a ser uma coisa e outra e, mais importante, a diferença entre elas.
Muito bom !! Texto claro e objetivo quem sabe com tempo não chegaremos no “caminho” imaginado e sustentado por Piaget onde: “a interdisciplinaridade seria uma forma de se chegar à transdisciplinaridade, etapa que não ficaria na interação e reciprocidade entre as ciências, mas alcançaria um estágio onde não haveria mais fronteiras entre as disciplinas”.
Amei
Excelente explicação. Ajudou muito, obrigada.
Meus agradecimentos e congratulações! Excelente explicação!
Explicação muito clara e objetiva
Texto muito esclarecedor. Funcionou, para mim como um material a mais para o estudo dos DCNs da Educação Básica.