John Dewey (1859-1952) foi um dos mais influentes filósofos e pedagogos do século XX.

Suas ideias revolucionaram a educação ao defender uma abordagem centrada na experiência, na democracia e no pensamento crítico.

Sua teoria educacional, desenvolvida em obras como Democracia e Educação (1916)Experiência e Educação (1938), propõe uma educação que prepare os indivíduos não apenas para o sucesso acadêmico, mas para a vida em sociedade, promovendo o desenvolvimento integral do ser humano.

Crítica à educação tradicional e defesa da educação progressista

Dewey contrasta a educação tradicional, caracterizada pela transmissão passiva de conhecimentos, disciplina rígida e preparação para um futuro distante, com a educação progressista, que valoriza a experiência ativa, a liberdade e a contextualização do aprendizado.

Critica ambos os extremos, argumentando que a educação tradicional ignora as necessidades e interesses dos alunos, enquanto a educação progressista, se mal conduzida, pode cair no risco de ser desorganizada e superficial.

Para ele, é necessário uma nova filosofia educacional que equilibre organização e liberdade, fundamentada em uma teoria da experiência.

Assim, Dewey coloca a experiência no centro do processo educativo.

E distingue entre experiências educativas, quando promovem o crescimento contínuo, estimulam a curiosidade e preparam os alunos para experiências futuras e deseducativas quando limitam o desenvolvimento, geram passividade ou resistência, como a memorização mecânica de conteúdos desconectados da realidade.

Dois princípios fundamentais guiam a teoria da experiência de Dewey: a continuidade e a interação.

A continuidade significa que cada experiência influencia as subsequentes, criando um ciclo de crescimento e aprendizagem.

Já a interação, é sobre a relação dinâmica entre o indivíduo e seu ambiente físico e social é essencial para o aprendizado significativo.

Papel do professor e controle social

Na visão de Dewey, o professor não é um detentor de autoridade, mas um mediador que organiza as condições para experiências significativas.

controle social na sala de aula deve emergir da colaboração e responsabilidade coletiva, não de imposições externas.

O educador deve conhecer o contexto dos alunos (comunidade, necessidades, interesses) e adaptar o ambiente para promover a aprendizagem ativa.

Isso inclui a seleção de materiais, a organização do espaço e a criação de situações que estimulem a reflexão e a resolução de problemas.

Além disso, Dewey defende a liberdade intelectual como prioridade na educação, enfatizando o desenvolvimento do pensamento crítico e autônomo, não apenas a liberdade física.

A liberdade deve ser orientada por propósitos construídos pelos alunos, com a orientação do professor.

Esses propósitos envolvem observação, formulação de hipóteses e resolução de problemas, promovendo a autonomia e a capacidade de aprender ao longo da vida.

Organização do Currículo

Dewey propõe uma integração entre teoria e prática, onde os conteúdos partem das experiências cotidianas dos alunos e conectam-se a problemas reais.

Critica a fragmentação do conhecimento em disciplinas estanques e defende a contextualização do aprendizado, argumentando que o conhecimento do passado é um meio para entender o presente, não um fim em si mesmo.

Além disso, valoriza a interdisciplinaridade, sugerindo projetos que integrem diferentes áreas do conhecimento, como por exemplo ciências, matemática e sociologia em um tema como alimentação saudável.

Dewey propõe ainda que a educação adote o método experimental, baseado na ciência.

Esse método envolve a formulação de hipóteses, teste de ideias e reflexão sobre resultados.

Na formulação de hipóteses, os alunos são incentivados a questionar e propor soluções para problemas, enquanto que no teste de ideias, por meio da observação e da ação, os alunos testam suas hipóteses, e por fim, na reflexão sobre os resultados, a análise dos resultados promove a aprendizagem significativa e o desenvolvimento do pensamento crítico.

O pensamento reflexivo surge de situações de dúvida e investigação, promovendo a autonomia intelectual e a capacidade de resolver problemas de forma criativa.

Já que para Dewey, a escola é uma “sociedade em miniatura”, onde os alunos aprendem a viver em democracia através da cooperação, do diálogo e da participação.

Dessa forma, a educação deve preparar os indivíduos para a vida em sociedade, promovendo valores como igualdade, justiça e solidariedade.

A escola, portanto, tem um papel crucial na formação de cidadãos capazes de transformar a realidade e contribuir para o bem comum.

Críticas e Legado

Dewey critica a educação tradicional por seu foco excessivo em conteúdos desconectados da vida real, na memorização e no autoritarismo.

Suas ideias inspiraram movimentos como a Escola Nova, liderada no Brasil por Anísio Teixeira, e continuam influenciando práticas pedagógicas contemporâneas, como a aprendizagem baseada em problemas e o construtivismo.

John Dewey redefine a educação como um processo contínuo de reconstrução da experiência, essencial para o desenvolvimento individual e social.

Sua teoria valoriza a experiência ativa, o pensamento reflexivo e a democracia, opondo-se a modelos estáticos e preparando os indivíduos para lidar com os desafios de um mundo em constante mudança.

Suas contribuições permanecem relevantes, inspirando educadores a criar ambientes de aprendizagem que promovam a autonomia, a criatividade e a cidadania.