No âmbito educacional, é muito comum encontrar em documentos e apresentações a expressão cidadão crítico.
Essas duas palavras também é encontrada em livros, nos Parâmetros Curriculares Nacionais e tornou-se discurso da maioria dos educadores envolvidos com uma prática pedagógica consciente e transformadora.
Embora seja de uso comum na educação, é difícil encontrar em algum documento uma fundamentação ou explicação sobre os termos.
É deixado como algo subentendido.
Como se fosse comum e obvio todo mundo saber o que é ser cidadão ou ter/exercer cidadania.
E, consequentemente, o que é “formar o cidadão” ou “preparar o cidadão para o exercício da cidadania”.
Mas o que de fato quer dizer isso?
O que é um cidadão crítico?
Na Etimologia, o termo “cidadão” designa aquele que vive na cidade.
Porém, com o tempo, o termo deixou de limitar-se apenas aos burgos e cidades da Europa Medieval e ganhou abrangência territorial passando a representar o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um Estado.
Ou no desempenho de seus deveres para com este.
Esses direitos civis foram proclamados pela Revolução Francesa e consistiam em:
Os direitos políticos consistiam nos direitos de votar e ser votado, e escolher o voto com independência.
Então o que é formar um cidadão crítico?
Formar um cidadão crítico é torná-lo questionador constante das informações que lhe são apresentadas a todo momento.
E isso implica em faze-lo compreender que tais informações não são verdades absolutas.
Mas sim uma aproximação da realidade, a partir do ponto de vista e da visão de mundo de quem as fornece.
E como tal, podem apresentar-se impregnadas de distorções.
Formar um cidadão crítico é dar condições para que ele reflita sobre o que lhe é imposto.
O que vem de cima para baixo como verdade absoluta.
E para que possa optar pela transformação ou manutenção de suas práticas.
É torná-lo coparticipante desta realidade em transformação.
Ou seja, formar um indivíduo integrado na sociedade, em comunhão com esta e ativo nesta, relacionando as ideias de liberdade, democracia e justiça.
É preciso que seja capaz de, estando no mundo, saber-se nele.
Como se forma um cidadão crítico
É importante ressaltar que o aluno já é um cidadão ao ingressar na escola.
A cidadania não está fora da pessoa.
Ela começa na relação que a pessoa faz consigo mesma e depois vai expandindo-se para o outro e para a sociedade como um todo.
Há a necessidade de que a criança seja educada, a começar pela família e depois pela escola.
Educada dentro dos princípios básicos dos direitos humanos, da responsabilidade pessoal e coletiva, do respeito, do companheirismo.
Enfim, dos valores humanos, tão necessários a uma prática cidadã consciente.
O educando precisa aprender a ser atuante, e para isso, no espaço escolar ele tem de se perceber corresponsável em tudo o que acontece no dia a dia escolar.
Seja no cuidado das dependências da escola, atenção às aulas, na convivência solidária e respeitosa com colegas e professores.
A educação voltada para a cidadania propicia uma formação que promove a compreensão, a tolerância, à solidariedade e o respeito à diversidade social e cultural.
Assim como, a participação nos destinos do meio em que vive.
A cidadania se constrói pelo respeito e reconhecimento das diferenças individuais.
Pelo combate aos preconceitos, as discriminações e aos privilégios.
E isto se dá pela participação no grupo, pela consciência dos direitos e deveres e pela confiança que cada um deve ter de si e do seu poder de transformação para que o bem comum prevaleça.
Na escola, a cidadania não deve existir apenas no discurso, ela tem de ser vivenciada no cotidiano de todos que dela fazem parte.
O aluno deve ser formado não só para uma autonomia intelectual.
Mas principalmente, para ter uma visão crítica da vida.
Para que possa formular seus próprios juízos de valor, discernimento e de ação perante as diferentes circunstâncias da vida, de forma que possa agir como pessoa responsável e justa.
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