O trabalho em grupo pode ser entendido como uma estratégia de ensino e de aprendizagem.

Já que, o elemento definidor da estratégia de ensino é o seu grau de concepção intencional e orientadora de um conjunto organizado de ações para melhor consecução de uma determinada aprendizagem.

Assim, um grupo pode ser entendido como um conjunto de pessoas que interagem.

E que têm consciência umas das outras e se percepcionam como um grupo por terem um objetivo ou caraterísticas comuns.

Sendo o grupo constituído por um número limitado de pessoas, gera-se nelas um debate ou uma discussão que se caracteriza pela troca de opiniões.

E também de ideias sobre um problema ou uma tarefa que estará na origem da sua criação.

Dessa forma, o trabalho de grupo deve ser estruturado e organizado em função de um problema ou de tarefas a serem realizadas por um grupo de alunos.

Pois dessa forma, constitui uma estratégia de ensino e de aprendizagem que requer a participação de cada membro do grupo.

Com o objetivo de realizar um trabalho conjunto, decidido, planificado e organizado de comum acordo.

Esta forma de trabalho é importante para desenvolver competências sociais.

Tais como a comunicação, a cooperação, a gestão de conflitos, a tomada de decisões e a avaliação de processos.

Ainda é importante para realização de aprendizagens de conhecimentos e para o desenvolvimento de várias capacidades cognitivas dos alunos.

Tais como,  a compreensão, a interpretação, a análise, a síntese e a avaliação.

Trabalhos em grupo também são importantes para desenvolver as competências relacionais e sociais dos estudantes.

Isto porque a aprendizagem em grupo visa que os alunos do grupo se aceitem e desenvolvam a sua autoestima e a sua identidade como grupo.

E, ainda, que reduzam a ansiedade, a insegurança e o sentimento de incapacidade nos seus elementos face a uma tarefa ou a um objetivo perseguido, pois todos se inter ajudam para esse fim.

Então como organizar o trabalho em grupo?

A organização da turma para o trabalho de grupo não pode ser feita de forma aleatória, mas antes seguir certos critérios.

Número de alunos

Para ser coeso e funcional na sua organização, cada grupo não pode ter mais que cinco elementos.

Verifica-se que com um número superior de elementos, os grupos tendem a subdividir-se.

E com números menor de integrantes, considerando o número de alunos por sala, implicaria um elevado número de grupos.

Número de grupos a serem criados

De um modo geral, numa turma devem-se formar-se seis grupos.

Esse número é ideal para que se possa orientar os alunos sem problema.

Grupos homogêneos e grupos heterogêneos

Grupos homogêneos são aqueles em que os alunos têm o mesmo nível de aproveitamento, a mesma idade ou ainda o mesmo gênero.

Grupos heterogêneos são aqueles cujos alunos do grupo têm diferentes níveis de aproveitamento.

Ou diferentes idades ou, ainda, diferentes gêneros.

Nos grupos heterogêneos todos os alunos que o constituem beneficiam do confronto de ideias e da partilha de aprendizagens.

A inter-ajuda nos alunos destes grupos tem um papel relevante na aprendizagem de todos.

Pois é mais eficaz do que a explicação dada pelo professor.

Há uma lógica de raciocínio e códigos de linguagem próprios de cada fase etária que facilitam a comunicação entre os alunos.

O espaço de inter-ajuda que se abre nos grupos heterogêneos é o mais favorável ao desenvolvimento de atitudes.

Como por exemplo, a persistência, a confiança em si próprio, a responsabilidade, a tolerância e a solidariedade.

No entanto, pode ser pedagogicamente aconselhável a constituição esporádica de grupos homogêneos.

A integração no mesmo grupo de alunos que revelam mais dificuldades é uma forma de organização temporária.

Essa organização permite o apoio educativo acrescido na sala de aula.

Isso porque proporciona ao professor o acompanhamento privilegiado desses alunos.

Grupos espontâneos, mistos e formados de acordo com interesses comuns

Propor aos alunos de uma turma que se organizem em grupos, sem qualquer outra indicação, leva a que, inevitavelmente, prevaleça como critério de formação do grupo as afinidades afetivas.

A adoção deste critério na formação dos grupos, de que resulta a formação de grupos espontâneos, pode conduzir problemas como:

  • a possibilidade de alunos poderem ficar excluídos dos grupos formados;
  • as amizades pouco duradouras nos alunos e que geram conflitos, autocracias afetivas e submissões indesejáveis resultantes do desentendimento nos membros do grupo;
  • os alunos com problemas comportamentais têm tendência a juntar-se no mesmo grupo.

    E como consequências o funcionamento do grupo é prejudicado.

    Tanto no trabalho por ele realizado quanto no trabalho dos outros grupos pela perturbação que criam.

Assim para evitar a formação de grupos espontâneos criados em função das afinidades, pode ser adotado critérios como:

  • Constituição de grupos com quatro ou cinco elementos;
  • Privilegiar a formação de grupos heterogêneos em termos de aproveitamento escolar ou de idades;
  • os grupos devem ser mistos quanto ao gênero;
  • os grupos devem ser formados em função de interesses ou objetivos comuns nos seus elementos.

Tempo de duração: grupos fixos e grupos variáveis

Os grupos formados com vista à realização de um determinado projeto ou de uma dada tarefa de duração limitada, extinguem-se após a conclusão das referidas tarefas para as quais foram constituídos.

Quando se formam grupos tendo em vista a realização prolongada, durante o ano letivo, de aulas centradas no trabalho de grupo tratando-se, neste caso de grupos fixos.

Nesse caso deve haver a preocupação de assegurar que esses grupos dispõem de tempo para o crescimento na sua estruturação.

E, desta forma, permitir que atinjam um grau de maturidade no qual a dinâmica grupal é por si mesma reprodutora das potencialidades do trabalho de grupo.

Durante o ano letivo, é interessante ter na classe grupos fixos.

E definir com os alunos metas a atingir no que respeita à estruturação de cada grupo.

Pois assumem grande importância devido a terem de acompanhar os objetivos gerais previstos no plano anual de ensino/aprendizagem.

A rejeição do trabalho no grupo

Quando os alunos não querem fazer trabalho em grupo, ou tem muitos problemas entre os integrantes do grupo deve-se tentar solucionar o problema por meio do diálogo com o aluno e com os seus companheiros.

Quase sempre os problemas advêm de individualismo.

E de problemas de relacionamentos sociais apoiado e mesmo estimulado no meio familiar.

Desistir do trabalho em grupo sem resolver os problemas que levam os alunos a recusa-lo, traz resultados catastróficos.

Principalmente quando se trata de crianças ou jovens com dificuldades de aprendizagem.

Já que pode, mesmo a curto prazo, baixar significativamente o seu aproveitamento.

Prejudicando também o desenvolvimento de capacidades e de atitudes.

O trabalho em grupo é importante para pôr em prática competências sociais e estimular a interdisciplinaridade.

E também é uma forma de aprender a resolver problemas, partindo das situações expostas e dos recursos disponíveis à sua resolução.

As fases de trabalho grupal

trabalho em grupo

Para o bom funcionamento de um grupo e para que este consiga cumprir a finalidade que o levou a criar, é necessário que estejam reunidas condições propícias ao desenvolvimento do trabalho no grupo.

Assim, o trabalho em grupo passa por diferentes fases:

Trocas/ informações

É importante que os integrantes do grupo se conheçam.

Pode ser uma apresentação em grande grupo ou em pequenos grupos.

O importante é que haja uma troca de impressões pessoais entre os elementos do grupo.

Outro ponto fundamental é que se apresente o papel de cada integrante do grupo.

Fixação de objetivos

Momento em que é definido o que o grupo vai fazer.

É importante que o objetivo seja apresentado e analisado com os alunos do grupo sugestões e formas de realização da tarefa.

Organização e controle

É a fase da planificação do trabalho, da divisão de tarefas, do estabelecimento de dispositivos de controlo e de feedback.

A organização da realização da atividade é feita em função dos recursos e do tempo que o grupo dispõe.

E, ainda, do contexto em que a tarefa vai ser realizada.

Quando esta organização não acontece, pode surgir a dependência, a passividade ou a inatividade de elementos do grupo.

Se o grupo soube se organizar, distribuir tarefas e gerir os seus recursos, verifica-se uma situação de interdependência.

Ou seja, cada um sabe que o seu trabalho é importante para o trabalho do grupo.

Conclusão e apresentação do trabalho

Depois de concluída a tarefa, é possível verificar o resultado da atividade desenvolvida.

Seja em relação ao produto final (a tarefa executada), quer em relação ao processo relacional dentro do grupo e deste com o exterior.

O Papel do professor

trabalho em grupo

O professor desempenha um papel importante durante o trabalho de grupo e que é diferente daquele desempenhado no ensino expositivo.

Isto porque o seu papel é o de orientador, de moderador, de facilitador dos recursos e meios necessários à realização da tarefa.

O que possibilita que os alunos assumam um papel ativo na construção da sua aprendizagem.

As funções do professor diferem nas diferentes etapas do processo de trabalho de grupo.

Organização e preparação

Na fase da organização e da preparação das atividades, a função do professor é a de organizar e de preparar a turma para o trabalho de grupo, explicando como se organiza e o que se espera.

Num primeiro momento, esta organização do que é um grupo e do trabalho em grupo é feita na turma e, depois, em cada grupo.

Na primeira fase do trabalho de grupo, é preciso que os alunos apresentem sugestões de tarefas ou de temas a explorar.

Além da organização das situações de aprendizagem ou das tarefas que cada grupo vai realizar, o professor procura fazer uma gestão ponderada do tempo que destina a cada unidade de trabalho.

Isso serve para garantir o cumprimento dos programas.

Nesta fase, o professor deve criar situações problemáticas de forma a motivar e a desafiar os alunos.

Isso potencializa a dinâmica grupal, aproveitando as experiências vividas e os interesses dos alunos de cada grupo.

Também é importante dar oportunidade aos alunos para produzirem e selecionarem materiais.

Esse processo deve ser supervisionado pelo professor por meio do diálogo com os elementos de cada grupo, explicando os objetivos das tarefas que vão realizar.

Apresentação e início

Na apresentação da proposta de trabalho e nas orientações para a sua realização pelo grupo, o professor sugere como deve ser desenvolvido o trabalho e as suas etapas.

É fundamental que haja uma marcação do tempo aproximado para a execução de cada atividade.

É necessário ter uma gestão equilibrada do tempo por parte do grupo de alunos.

Nesta etapa do trabalho de grupo, o professor funciona como um orientador, fornecendo aos grupos de alunos informações claras e essenciais do que se pretende da tarefa.

Depois dos grupos formados e já durante o seu trabalho, o professor fica disponível para observar, orientar, dinamizar e avaliar o que cada grupo e cada um dos seus elementos faz.

Durante a observação individualizada, é aconselhável que o professor circule pelos grupos para se certificar de que se encontram no caminho certo para o objetivo pretendido.

Ou, caso se justifique, para corrigir ou alertar para o que estão a fazer mal ou que precisam melhorar.

Desenvolvimento

O trabalho em grupo demanda que o professor acompanhe o desenvolvimento das atividades.

Esse acompanhamento permite avaliar até que ponto o planejamento feito pelo professor se revela adequada.

Caso não esteja, o professor pode reformular parcial ou totalmente a proposta de trabalho, de acordo com as dificuldades ou desafios que cada grupo enfrenta.

Durante o debate geral da turma, o professor assume o papel de moderador e de dinamizador desse mesmo debate.

A mediação nessa etapa é fundamental para manter a ordem na discussão.

E permitir a participação de todos os alunos, inclusive dos mais tímidos.

Outro papel importante da mediação do professor no trabalho em grupo é centrar a discussão naquilo que é fundamental.

Sempre levando em conta os objetivos definidos para as atividades realizadas por cada grupo.

Também é importante que o professor reconheça o esforço e o empenho revelados pelos grupos na concretização do trabalho e que impeça a competição entre os grupos.

Fechamento

No fechamento de um trabalho em grupo é importante que os alunos sejam capazes de fazerem conclusões e sínteses das apresentações discutidas.

Além disso, a avaliação de um trabalho em grupo deve levar em conta as dificuldades.

Sobre o funcionamento dos grupos e a execução das tarefas

Deve considerar também a qualidade das tarefas que cada um deles elaborou.

E deve refletir sobre a forma como ele orientou/acompanhou os trabalhos nos diversos grupos.